O juiz da 1ª Vara Criminal da comarca de Goiânia, Jesseir Coelho de Alcântara, realizou, na tarde desta quarta-feira (8), a oitiva das testemunhas relacionadas ao homicídio de Jorge Coelho dos Santos pelo catador de papel Alessandro Marques Teresa. De acordo com o magistrado, ficou claro que esse é mais um caso de "morte na rua e não de um morador de rua", como tem sido divulgado pela mídia.

Essa é a terceira audiência envolvendo moradores de rua que o juiz realiza e todas elas mostraram que as vítimas eram usuários de droga que foram mortos na rua. Durante a oitiva desta tarde, o magistrado ouviu o policial militar Márcio Junqueira da Silva, que prendeu Alessandro minutos após o crime; a dona do depósito de materiais recicláveis, Leyde Dayane de Souza, e o catador de papelão que trabalha no depósito, Daniel Antônio dos Santos, além do próprio acusado.

Daniel dos Santos contou que conviveu com as duas partes, que nunca presenciou nenhuma discussão entre eles e que os dois eram pessoas tranquilas. No entanto, ele ressaltou que Jorge bebia muito, enquanto Alessandro era usuário de crack. Na noite do crime, Daniel ouviu um barulho como se fosse de uma pessoa engasgada e os cachorros latindo muito, por isso, chamou outro catador para andar pelo galpão e se certificar de que estava tudo bem. Nesse momento, se deparou com o corpo da vítima estirado no chão e, então, chamou Layde Dayane.

A proprietária afirmou ao juiz que conhecia Alessandro há cinco anos e que ele havia trabalhado para ela durante dois deles, mas foi preso por ter assassinado seu pai após uma briga por conta de drogas. Ao receber a liberdade, o acusado a procurou alegando que queria mudar de vida. Lady acreditou e cedeu uma vaga no galpão para que ele trabalhasse lá novamente. No entanto, duas semanas depois, Alessandro cometeu o mesmo erro e matou Jorge Coelho. A proprietária do depósito ainda disse que conhecia a vítima há oito anos e que “ele nunca morou nas ruas, mas era muito pobre e vivia no depósito”, onde trabalhava como catador de papel. 

Já o soldado Márcio Junqueira afirmou que a Polícia Militar recebeu um chamado no dia 8 de dezembro de 2012, relatando um assassinato ocorrido na Alameda Cascavel, Vila Boa Sorte, em Goiânia. Ao chegar no local, se deparou com o corpo de Jorge Coelho caído no chão, com ferimentos de faca e o objeto do crime em cima do seu peito. Ao conversar com Leyde Dayane, esta informou que o único catador que não estaria no local após o crime seria Alessandro e detalhou suas características físicas e, ainda, que ele estaria com um ferimento na mão.

Com isso, o policial e seu parceiro começaram a fazer a patrulha na região e encontraram Alessandro Marques. Perguntaram se ele era o culpado por uma morte em um galpão de reciclados e Alessandro confessou que havia matado um homem a facadas há pouco tempo em um depósito. Por conta disso, foi preso em flagrante e levado para a Delegacia de Homicídios.

Alessandro, por sua vez, contou que havia discutido por seis vezes com Jorge, sempre tendo as drogas como motivo e que, ao contrário dos depoimentos anteriores, no dia do crime, ambos estavam drogados e embriagados. Naquela noite, ele teria pedido um conselho para a vítima, que começou a xingá-lo, o chamou de vagabundo e depois pegou uma faca e partiu em sua direção, ferindo-lhe a mão. Depois disso, Alessandro atacou o colega de galpão com uma faca, mas afirmou que só se lembra de tê-lo acertado a primeira vez na altura do peito. Com o término da oitiva das testemunhas, o juiz decidirá se o réu vai a júri popular. (Texto: Jovana Colombo – estagiária do Centro do Comunicação Social do TJGO)