Terminou agora há pouco, às 12h36, o interrogatório de Wilson Bicudo da Rocha. Dizendo-se arrependido das lesões que causou na ex-mulher, ele negou ter tido a intenção de matá-la e garantiu que não tinha o hábito de agredi-la. "Foi um momento de fúria. Ela era meu amor, minha vida", disse. O julgamento foi interrompido para almoço, pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, e retornará às 13h10.

Durante o interrogatório, o réu entrou diversas vezes em contradição, titubeou em algumas respostas e chegou a atribuir os fatos a um fenômeno "Não sei o que deu em mim. O capeta usa a gente", afirmou, garantindo ter buscado socorro para a vítima. "Quando me dei conta do que eu tinha feito, liguei para o irmão dela", contou Bicudo

Ele negou ter falado para o irmão da vítima, na ocasião, para que fosse socorrê-la pois a havia matado. "Claro que não fiz isso. porque eu iria pedir alguém para acudir uma pessoa morta?", retrucou.

Questionado pelo juiz, Wilson Bicudo garantiu que acreditava que a ex-mulher estivesse viva. Segundo ele, ao deixar a vítima amarrada e amordaçada, certificou-se de que ela estava respirando."Se eu quisesse matar, teria matado. Ela estava na minha mão", resumiu, acrescentando que as amarras feitas em Mara Rúbia eram propositalmente frágeis, feitas para que ela pudesse se desamarrar sozinha - como o fez - e suficientes apenas para que não fosse pego antes de conseguir socorro a ela.

O réu não soube explicar o motivo pelo qual depois de ferir e amarrar Mara Rubia, envolver o pescoço dela com o fio de telefone, toalhas e pedaços de um vestido, ter se apossado do celular dela e fugido do local. "Fiz isso para ganhar tempo para buscar socorro, não foi para impedi-la de buscar socorro", respondeu.

Bicudo negou, também, que tivesse a intenção de furar os olhos da vítima. "Eu apenas a machuquei. Se tivesse furado, ela tava cega. Quando se fura olho, a água vaza e o olho murcha, e isso não aconteceu", comentou.

Por diversas vezes, o réu ressaltou que Mara Rúbia sempre foi uma mãe ausente. "Ela chegou a ficar 9 meses e 13 dias longe do próprio filho e só o viu umas duas vezes", relatou. Para ele, o caso está alcançando grande repercussão e comove a sociedade apenas porque a imprensa está do lado dela. "Ela é vítima, por isso ficam do lado dela", afirmou.

O acusado negou ter agredido Mara Rúbia anteriormente, em outras ocasiões e tentou se esquivar das perguntas feitas pela acusação sobre o relacionamento tido por ele, antes de Mara Rúbia, com uma mulher chamada Simone e que teria apanhado dele quando grávida, abandonando-o logo em seguida por causa disso. "Estamos aqui para falar do caso da Mara Rúbia ou de todos os outros que eu tive?", questionou, ao que foi interrompido por Jesseir Coelho, que o mandou responder à pergunta. Bicudo disse, então, que Simone o deixou para morar em outra cidade e que não sabe se o filho nasceu. (Texto: Patrícia Papini / Fotos: Hernany César- Centro de Comunicação Social do TJGO)

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