Durante a segunda audiência de instrução e julgamento do caso da Chacina de Serra das Areias, presidida pelo juiz Leonardo Fleury, da 4ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia, nesta quarta-feira (26), um dos autores do crime, Taygo Henrique Alves Santana, contou que queria apenas dar uma prova de amor à sua namorada. Ele revelou ainda que mataria apenas uma das vítimas, mas que a situação saiu do controle. 

Também ouvido, o outro acusado, Alisson Pereira Costa e Silva (foto abaixo), afirmou que não participou do crime. Defesa e acusação têm cinco dias cada para apresentar contestações finais e, depois disso, o magistrado decidirá se eles vão a júri popular ou não.

Primeiro a ser interrogado, Taygo contou que havia passado a noite inteira usando drogas, juntamente com um terceiro acusado, menor. No final da manhã, segundo ele, sua namorada na época dos fatos, também menor, pediu para que fosse buscá-la no colégio. Chegando lá, a jovem teria instigado sua honra, lhe cobrando uma prova de amor, pois “ela gostava de homem corajoso, bandido”, revelou Taygo.

Durante todo o interrogatório, ele ressaltou sua paixão pela menor e disse que “só queria ficar com ela, não queria matar ninguém”, mas ela pedia para que ele assassinasse sua mãe, que seria contra seu relacionamento com ele e, também, tirasse a vida de Neylor Henrique Gomes Carneiro, que estaria “dando em cima dela”.

Alisson, ouvido em seguida, afirmou que saiu pela manhã para levar sua filha ao hospital, onde permaneceu até as 15 horas daquele dia. Segundo ele, seu nome está envolvido no crime em virtude de Taygo ter utilizado seu carro para levar as vítimas até a Serra das Areias. Isso porque o veículo havia estragado em frente à casa do menor, onde passou pela manhã, e, coincidentemente, Taygo chegou em seguida.

Ao tentar sair com seu carro, Alisson disse que ele não funcionou, pois estaria com um problema na chave de ignição. Nesse momento, pediu o veículo de Taygo emprestado para socorrer sua filha.

O crime
Segundo o relato de Taygo, no dia 19 de agosto de 2013, sua namorada pediu que ele fosse buscá-la na escola e lá exigiu que ele matasse Neylor e sua mãe naquele dia. Os dois, no entanto, não sabiam onde Neylor morava, por isso, a menor ligou para sua amiga Danielle Gomes da Silva, que estava na casa de Rayssa de Sousa Ferreira. A garota, então, chamou as amigas para irem até a casa dele.

Taygo conseguiu fazer com que o carro de Alisson, que estava estacionado em frente à casa em que eles estavam, funcionasse novamente e teria passado para pegar Rayssa, acompanhado da namorada e do menor envolvido no caso, para irem até a casa de Neylor. Lá chegando, ele relatou, o encontrou junto de seu amigo Denis Pereira dos Santos. Armados com uma pistola e um revólver calibre 38, Taygo e o menor os obrigaram a entrar no carro.

Os jovens se dirigiram para a Serra das Areias e foram forçados a descer do veículo. Taygo afastou Neylor do grupo e deu um tiro na lateral de sua cabeça. O menor, que teria dado apoio para que aquela “prova de amor” fosse concretizada, se desesperou e atirou na cabeça de Rayssa. Logo depois, pediu para que Danielle se deitasse no chao e também lhe desferiu um tiro na cabeça.

Denis foi morto no caminho de volta, pois acharam que não precisariam matá-lo. Mas, indignada com a morte inesperada das amigas, a menor pediu para Taygo a deixasse matar Denis também. Eles desceram do carro e a jovem atirou contra ele, aproximadamente dois quilômetros do local inicial do crime.

Segundo Taygo, logo depois do ocorrido, ele e sua namorada foram para Piracanjuba, onde ficaram sabendo da repercussão que a chacina tomou através da mídia. Só nesse momento, o menor teria voltado ao local do crime e ateado fogo nos três corpos, pois o de Denis já havia sido encontrado. Veja galeria de fotos. (Texto e fotos: Jovana Colombo – Centro de Comunicação Social do TJGO)