Começou o júri popular dos policiais militares José Arli Folha, Josué Alves da Silva, Rui Barbosa de Oliveira, Benisvaldo Santos Souza e Josué Antônio da Silva julgados pelo 1º Tribunal do Júri de Goiânia. A sessão, presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, está sendo realizada no auditório do 2º Tribunal do Júri, que tem acomodações mais amplas. Os autos do processo vieram desaforados da comarca de Águas Lindas de Goiás e foram desmembrados em três julgamentos.

Os réus são acusados do homicídio de João Elísio Lima e da tentativa de homicídio da mulher da vítima, Neuza Maria dos Santos. Segundo denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), João era líder comunitário e denunciava, num jornal local, supostos crimes praticados por policiais.

Sobrevivente do atentado, Neuza contou que levou três tiros: no braço, na perna e, de raspão, no pescoço. "Na hora, achei que tivesse morrido também. Espero justiça, meu marido tinha apenas 42 anos, tinha a vida pela frente".

Ainda segundo a mulher da vítima, João Elísio vinha recebendo várias ameaças. "Já haviam tentado entrar na nossa casa, ele já havia, também, recebido mensagens de que seria morto. Por causa disso, evitava sair à noite".

Para a defesa dos policiais, contudo, não há provas quanto a autoria do crime imputado aos réus. "Foi um crime de envolvimento político, imerso em pressão popular. No entanto, não há provas da participação dos acusados, uma vez que parte sequer estava presente na cidade no dia do crime", afirmou o advogado João Cândido Gonçalves.

O crime
De acordo com a denúncia do MPGO, os policiais militares acusados do crime prepararam uma emboscada para João Elísio e Neuza dos Santos. Eles colocaram pedras em uma rua por onde as vítimas passariam. Eles teriam sido atraídos até o local por Carmen Lúcia Dias do Amaral e Éber Soares do Amaral, que insistiram para que eles comparecessem até sua casa naquela data e durante a noite, mesmo sabendo que a vítima evitava sair de sua residência neste horário, pois sofria ameaças dos PMs. No dia do crime, segundo o MPGO, o casal procurou entreter as vítimas ao máximo para que somente retornassem no momento em que a emboscada estive preparada e insistiu para que seguissem pelo caminho onde estavam os policiais militares. Carmen do Amaral e Éber do Amaral foram denunciados pela participação nos crimes, mas já morreram e tiveram decretada a extinção da punibilidade.

Ao chegar ao local do crime, o casal, de acordo com o MPGO, parou o carro e foi surpreendido pelos policiais militares Josué Alves da Silva, José Arli Folha, Antônio de Jesus Leite e Antônio Carlos Xavier da Silva. João Elísio, que também era candidato a prefeito em Águas Lindas, levou três tiros na cabeça. Neuza Maria ficou abaixada no automóvel e só não morreu porque os acusados acreditaram que ela havia sido assassinada também.

Para o MPGO, os policiais militares José da Silva Santos Júnior, Miquéias Jesus dos Santos, Sindomar João de Queiróz, Rui Barbosa de Oliveira, Carlos Roberto de Farias, Josué Antônio da Silva, Vinicius Martins Cardoso, Luiz Antônio da Silva Durão, Benisvaldo Santos Souza e Givaldo Viana Francolino estavam de serviço bem próximo ao local dos crimes e nada fizeram para impedir a sua consumação. Logo após o homicídio e a tentativa de homicídio, recolheram Neuza dos Santos e forjaram uma perseguição aos executores, dando, na verdade, cobertura para a fuga do grupo. (Texto: Lilian Cury - Centro de Comunicação Social do TJGO)