“A Justiça tem de mostrar para o infrator o que ele fez de errado, que dirigir de forma imprudente coloca vidas em risco.” A afirmação é de Maurício Miranda Bueno e foi feita na tarde desta quinta-feira (27) ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, em audiência de instrução criminal no processo que apura o envolvimento de Lucas Fraga Sabino na morte, por atropelamento, de Celso Bueno de Oliveira, de 70 anos. Maurício Bueno é filho de Celso de Oliveira.

O atropelamento, que resultou na morte de Celso Bueno de Oliveira, ocorreu por volta das 19h30 do dia 1º de maio, na Avenida T-9, na divisa dos Setores Bueno e Jardim América. Consta da denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), que Lucas Fraga Sobrinho dirigia em alta velocidade – 117,67 quilômetros por hora, de acordo com laudo da Perícia Técnica –, sob efeito de bebida alcoólica – 0,78 miligramas de álcool por litro de ar – e realizava zigue-zague na pista. Ele perdeu o controle do Citroen C-4 Pallas, rodou na pista e atingiu a vítima na calçada. Com o impacto, Celso de Oliveira teve o pé esquerdo decepado, foi socorrido e levado para um hospital, onde morreu 25 dias depois.

Celso de Oliveira seguia a pé para o salão de festas onde seria realizada a festa de aniversário do filho de Maurício Bueno. Ao ficar sabendo do atropelamento, foi até o local do acidente, mas o pai já tinha sido levado para o hospital. Em uma das poucas vezes que falou com ele no hospital, Maurício Bueno ouviu o pai dizer que o carro vinha muito rapidamente e não deu tempo de sair da frente quando o motorista perdeu o controle da direção e rodopiou na pista, subiu na calçada e o atingiu.

Lucas Sabino (foto), ao ser interrogado, negou que estivesse sob efeito de álcool, mesmo tendo sido apontado um alto teor no teste do bafômetro. Ele disse que havia bebido duas cervejas long neck em um restaurante no Jardim Atlântico antes do almoço e foi para Anápolis na companhia de duas amigas e um amigo. Contou que perdeu o controle do Citroen C-4 depois de tentar desviar de um motociclista que tentava furar o sinal. Disse ainda que tudo aconteceu muito rapidamente, mas que não deixou de dar assistência à vítima nem à jovem que estava no carro com ele. “Não queria que isso acontecesse. Acho que foi uma provação de Deus, para me mostrar que estava no caminho errado”, afirmou, ao final do depoimento.

O cabo da Polícia Militar Cléber César de Araújo, no depoimento, afirmou que estava em um carro policial na esquina da Rua T-3 com a Avenida T-9 quando ouviu o barulho de freada de pneus e o impacto do carro com o muro. Ao chegar ao local do acidente, percebeu Lucas Sabino saindo do veículo dizendo estar sentindo dores na barriga. Disse também que o motorista estava zonzo, provavelmente pelo impacto da batida e pelo fato de ter bebido. Contou que em seguida acionou o Batalhão de Trânsito da PM e a Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Trânsito de Goiânia (Dict). Relatou que Lucas Sabino foi preso depois de constatada a embriaguez pelo teste do bafômetro, sendo conduzido à Delegacia de Polícia.

Suziane Barroso do Santos, Marcella Chaul Bernardino, Cláudia Afonso de Souza e Maria de Lourdes Gregório prestaram depoimento. Elas foram as primeiras a chegar ao local do acidente. Relataram ter ouvido o barulho dos pneus do carro no asfalto e o impacto com o muro. Afirmaram ter notado que Lucas Sabino tinha comportamento alterado.

Antônia da Silva Santos, que estava no Citroen C-4 na hora do acidente, afirmou que o motorista bebeu antes do almoço e que, durante o trajeto entre Goiânia e Anápolis, tanto na ida quanto na volta, não havia ingerido bebida alcoólica. Disse ainda que viu o vulto de uma moto mas não se lembrava de muitos detalhes, pois bateu com a cabeça na hora do acidente. Os quatro amigos, segundo ela, se encontraram pela manhã, almoçaram em um restaruante e foram para Anápolis, para comprar móveis para a casa de uma deles.

Jaine Moreira de Morais, que também estava na companhia de Lucas Sabino durante a viagem a Anápolis, afirmou que na hora do acidente estava no veículo que vinha atrás e era conduzido por outra pessoa. Primeiramente afirmou que Lucas Sabino havia bebido somente na hora do almoço, mas depois confirmou que bebeu cerveja no trajeto entre Goiânia e Anápolis. Disse não saber a velocidade que o Citroen C-4 empreendia nem eram realizadas manobras bruscas no trajeto percorrido na Avenida T-9.

Também participaram da audiência o promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargo, o assistente de acusação Herich Mousart de Mello Heliodoro e o advogado de defesa Rodrigo Queiroz Dias. (Texto: João Carlos de Faria - Fotos: Aline Caetano - Centro de Comunicação Social do TJGO)