Nesta quinta-feira (5), a Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) realizou a Mostra de Atividades do Projeto Educação e Justiça: Lei Maria da Penha da Escola, no auditório do fórum, em Aparecida de Goiânia. O evento teve o intuito de mostrar todos os projetos produzidos com o tema Lei Maria da Penha, durante a realização do projeto nas Escolas e Centros de Educação Infantis municipais. Cerca de 31 centros municipais de Educação Infantil e 63 escolas municipais implantaram a iniciativa, num total de 94 entidades educacionais do município.

A programação da Mostra dos Projetos contou com a exibição de cartazes produzidos pelos próprios alunos, apresentações culturais de danças e música, além da troca de experiências entre as instituições participantes. Os professores tiveram a oportunidade de apresentarem seus trabalhos e abordagens em cada unidade com a temática do projeto. Também participaram do evento o juiz Vitor Umbelino, Coordenador Executivo do Projeto, professores, diretores, alunos, e convidados da rede municipal de Educação de Aparecida de Goiânia.

A juíza substituta do Juizado da Infância e Juventude de Aparecida de Goiânia, Marcella Caetano, responsável pela organização do projeto, destacou a importância da iniciativa: "Podemos perceber a importância da conscientização desde pequeno, na prevenção da violência doméstica para combater o alto índice daqui da cidade”. A magistrada ainda complementa que “ é um passo que gerou inúmeros frutos. E, pelos relatos dos professores, podemos perceber que o projeto vai continuar, e essas crianças que foram conscientizadas levaram as informações para dentro de casa. Esse impacto trará uma mudança no futuro”.

Durante a programação, 14 escolas relataram as experiências do projeto trabalhados com alunos. Para a professora Márcia Magali, da Escola Municipal Levina Martins Vieira de Oliveira, “a iniciativa  trouxe grande valia,pois recebemos informações e formação para lidar com esse assunto e percebemos que, alguns alunos, com o comportamento agressivo, refletem o que vêm na própria casa. E assim podemos orientar crianças e a própria família em reuniões. Trabalhamos a forma de conscientizar, sugerindo tratamentos ou a própriaJjustiça diante das necessidades que observamos”, informa.

“O problema existe e nós temos que encontrar a solução juntos”, afirmou a secretária municipal de Educação, Valéria Pettersen. Segundo ela, a implantação do projeto em todas as unidades escolares trouxe uma mudança de comportamento, como foi relatado nas experiências dos professores e no cotidiano dos alunos. "Nós reconhecemos que temos o problema, porém, estamos dando esse passo, da mão da  Justiça, para as escolas, com o intuito de mudar a vida dessas crianças com educação emocional e poder intervir na vida das mães e de nossos servidores que sofrem violência. Estamos trabalhando junto com o Poder Judiciário para que possamos ter uma cidade onde se respeita a mulher de verdade”, ressaltou a secretária.

Já a defensora pública Gabriela Marques Rosa Hamdan, coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher (Nudem), parabenizou a Coordenadoria da Mulher do TJGO pela iniciativa. Ainda segundo ela, "o projeto traz uma mudança dos parâmetros de ensino que  temos nas escolas, através desse projeto qualificamos esses professores para que eles possam replicar os seus ensinos para os alunos identificarem sinais de violência. E, como eles mesmos mostraram na mostra final, a iniciativa vem trazendo um bom resultado”. Para ela, “os professores qualificados estão conseguindo intervir nas situações que eles estão verificando. É um projeto que realmente possui a capacidade de alterar a sociedade, porque infelizmente não é somente a punição de modo isolado que produz o resultado final, e sim a união entre a educação e os direitos”, declara a defensora.

O projeto

A fim de desconstruir a violência doméstica junto a crianças e adolescentes, o Projeto Educação e Justiça: Lei Maria da Penha na Escola, consiste em capacitar e treinar professores e pedagogos para que possam abordar, em sala de aula, temas como gênero, machismo e isonomia entre homens e mulheres.

O projeto é uma iniciativa conjunta, articulada e integrada por profissionais do Poder Judiciário do Estado de Goiás, Secretaria de Estado, Cultura e Esporte de Goiás e secretarias municipais de Educação. O objetivo é propiciar debates e discussões sobre questões históricas e culturais relacionadas à temática e, ao mesmo tempo, contribuir para a formação de cidadãos com potencial transformador da realidade social. (Texto: Thielly Bueno - estagiária/ Foto: Wagner Soares -  Centro de Comunicação Social) Veja galeria de fotos