Como desdobramento do Projeto Pilares - Edificando a Paz nas Escolas, executado pela Corregedoria-Geral da Justiça de Goiás, foram realizados nesta quinta-feira (13), por facilitadores da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME), formados pela Divisão Interprofissional Forense da CGJGO, oito círculos de justiça restaurativa e de construção de paz com dirigentes de escolas e apoio pedagógicos e administrativos. Esse trabalho de sensibilização visando a disseminação da cultura de paz nas escolas e o uso das ferramentas adequadas para o desenvolvimento desse trabalho, foi feito com dirigentes de escolas municipais da capital e apoios pedagógicos e administrativos no turno da manhã e da tarde, na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO)

Entusiasta do projeto, o secretário municipal de Educação e Esporte de Goiânia, professor Marcelo Ferreira da Costa, ressaltou a parceria profícua entre o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás e a SME na formação e capacitação de profissionais ligados à educação para a aplicação das técnicas e metodologias necessárias à propagação da cultura de paz e de uma comunicação não violenta no âmbito escolar, especialmente com os círculos de construção de paz. De acordo com ele, as 173 escolas municipais já foram alcançadas pela mediação e pelos círculos de construção de paz e somente hoje 60 profissionais da educação se inscreveram para participarem dos círculos. 

“Essa união madura com o TJGO tem rendido frutos proveitosos, evitado inclusive tragédias e conflitos mais sérios dentro das escolas. Precisamos expandir o olhar para uma cultura de paz e estimular essa interação com a comunidade, pois a escola deve ser um local também de acolhimento, de alento, de amparo. Os problemas de relacionamento são inerentes da natureza humana e as pessoas tem cada vez mais a necessidade de serem ouvidas em um mundo tomado pelo individualismo. Nossa responsabilidade social é imensa e a educação deve ser, antes de tudo, libertadora. É preciso saber ouvir, compreender, conviver em harmonia, para realmente educar. Esse deve ser o nosso legado”, frisou o secretário. 

Em breves palavras, Clédia Maria Pereira, titular da Gerência de Saúde e Segurança do Trabalho dos Profissionais da Educação, falou da felicidade em poder participar de tantas histórias e experiências positivas na rede municipal de ensino.“O conflito deve ser uma oportunidade de crescimento, de busca de soluções pacíficas, para a construção de uma sociedade harmônica e respeitosa. O Pilares tem feito a diferença nas instituições escolares e todos os dias vemos resultados positivos”, destacou. 

Escuta empática

Ao desejar as boas vindas aos participantes e facilitadores presentes, a pedagoga Cíntia Bernardes, integrante da Divisão Interprofissional Forense, representando, na ocasião, a diretora da área Maria Nilva Fernandes, destacou a importância da capacitação e desse aprimoramento para que, principalmente os profissionais envolvidos com o setor educacional, possam ter elementos e ferramentas para lidar com os conflitos dentro das escolas. Na oportunidade, ela comentou ainda que foram formadas seis turmas com o Pilares, além de 117 facilitadores com o encerramento da última turma de 2019 e mais 147 com os que já estão agendados para março deste ano, além de 348 círculos realizados em 2018 e 2019, que alcançou 3.567 pessoas. 

“Só temos a agradecer e temos procurado dar sempre o melhor de nós na formação dos facilitadores que ajudarão não só a disseminar uma cultura de paz nas escolas, mas a construir um mundo melhor, onde o ser humano sabia realmente se colocar no lugar do outro, se proponha a ouvir seu próximo. O Pilares também está sendo estendido para o interior e já temos facilitadores formados nas comarcas de Luziânia, Goianésia, Itaberaí e Anápolis. A parceria com a SME foi uma opção muito feliz e temos tido todo o apoio e suporte necessário. Tenho convicção de que juntos atingiremos o objetivo maior que é resolver os conflitos pela escuta empática, pelo diálogo aberto, com a alma e o coração em paz”, acentuou a pedagoga.

Uma das facilitadoras formadas pela equipe da CGJGO, Andra Leal Ferreira, que atua como apoio pedagógico na SME, lembrou que embora tenha recebido a capacitação recente, em outubro de 2019, a experiência mudou sua vida e a forma de se relacionar com as pessoas não só no ambiente de trabalho, mas com familiares e amigos. “O que percebemos e observamos com os círculos de paz é que a mudança ocorre de dentro pra fora e num curto prazo, pois a relações são fortalecidas. As pessoas entram receosas e saem como se fossem amigas de muitos anos no decorrer desse processo. Toda a minha forma de enxergar o mundo, de lidar com os conflitos também mudou, hoje sou outra pessoa inclusive dentro da minha casa”, enalteceu.

Sobre o Pilares

O Projeto Pilares foi desenvolvido pela Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás e criado em 19 de março de 2018. É executado pela Diretoria Interprofissional Forense visando a formação de facilitadores para utilizarem em suas atividades, principalmente educacionais, a metodologia de Círculos de Justiça Restaurativa e Construção de Paz. 

Eles consistem em processos de diálogo, através dos quais intenciona-se criar um espaço seguro que traga luz aos próprios sentimentos e julgamentos, a fim de discutir questões e solucionar problemas, respeitando a individualidade e o direito de expressar o sentimento diante da realidade vivenciada, tendo como fundamento a comunicação compassiva, por meio de processos circulares.

A valorização do sentimento de respeito como aspecto primordial é reforçada pelos Círculos de Construção de Paz, que foram promovidos nas primeiras etapas com as equipes de apoio pedagógico das Coordenadorias Regionais de Ensino. Já disseminado em várias escolas da capital, o Pilares surgiu em complemento ao Projeto Mediação Criativa de Conflitos, da SME. Entre os profissionais capacitados para atuarem como facilitadores, estão pedagogos, professores, coordenadores de ensino, psicólogos, musicoterapeutas, entre outros.

Em 2018, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por meio da CGJGO, e a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, formalizaram um termo de cooperação para capacitar profissionais da Rede Municipal de Goiânia como facilitadores de Círculos de Justiça Restaurativa e de Construção de Paz. No ano passado, o Projeto Pilares também foi estendido para a rede estadual de educação, por meio de um outro termo de cooperação assinado na presença do corregedor-geral da justiça do Estado de Goiás, desembargador Kisleu Dias Maciel Filho, e representantes da Secretaria Estadual de Educação.

A apresentação da metodologia relativa aos círculos de paz tem como ferramentas as habilidades emocionais nos relacionamentos, a comunicação não-violenta, a promoção do diálogo, o compartilhamento e resolução de conflitos, a construção de relacionamentos saudáveis, a autoresponsabilidade, o autocuidado, o estabelecimento de vínculos, o desenvolvimento da inteligência emocional e da escuta ativa, e a prevenção das diversas formas de violência, especialmente as invisíveis.

Estatísticas

Segundo levantamento feito pela Divisão Interprofissional Forense da Corregedoria, desde que foi criado, considerando o número de pessoas que integram os círculos, bem como o índice daqueles já realizados, a estimativa, é de que já foram promovidos, em um âmbito geral, mais de 2 mil círculos de construção de paz com alcance de 12.350 pessoas entre a comunidade escolar (alunos, professores, etc). Já foram formadas seis turmas de com o Pilares, 117 facilitadores com o encerramento da última turma de 2019 agendada para março (mais 147 profissionais integram esse rol). 

Nos anos de 2018 e 2019, somente nesta seara, foram realizados 348 círculos, alcançando 3.567 pessoas. Para 2020, a previsão é outras seis novas turmas com a perspectiva de formar pelo menos 180 novos facilitadores No interior o Pilares já alcançou as comarcas de Luziânia, Goianésia, Itaberaí e Anápolis. (Texto e foto: Myrelle Motta – Diretora de Comunicação da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás)