Depois de ver o presídio de Rubiataba ser destruído durante uma rebelião em junho de 2015, a juíza Roberta Wolpp Gonçalves se viu na obrigação de reconstruir um novo espaço para atender os reeducandos e dar maior segurança aos moradoradores da região. "Ao titularizar na comarca de Colcalzinho, eu vivi oito meses de dificuldade por não ter unidade prisional. Quando me deparei com a mesma situação em Rubiataba, me senti obrigada e apoiada pela comunidade em fazer esse presídio", conta a magistrada durante a solenidade de inauguração da nova unidade prisional. A entrega do prédio marca a despedida da magistrada da comarca, na condição de juíza auxiliar – ela é titular da comarca de Uruana.

O corregedor-geral da Justiça do Estado de Goiás, desembargador Gilberto Marques Filho, participou do evento de inauguração do presídio da comarca de Rubiataba. Recentemente, a Corregedoria Geral da Justiça de Goiás (CGJGO) apresentou um relatório da situação penitenciária do Estado de Goiás. De acordo com Gilberto Marques, vários juízes têm tomado a iniciativa de reformar presídios, mesmo não sendo uma obrigação do Poder Judiciário. "Fico feliz com essa atitude da juíza Roberta Wolpp, que tem tido um olhar especial para essa área, assim como a atual geração de magistrados que não ficam apáticos diante de situações como esta", afirmou.

Para a construção do novo presídio, a juízia recorreu ao fundo de reserva do Conselho da Comunidade de Rubiataba, que contava com apenas R$ 150 mil, enquanto o orçamento do prédio ficaria em R$ 300 mil. Mesmo com o valor disponível abaixo do esperado, Roberta Wolpp deu início às obras em novembro de 2015. A mão de obra empregada foi dos próprios reeducandos. As prefeituras de Rubiataba, Nova América e Morro Agudo, que pertencem a comarca, também apoiaram os trabalhos.

Foram construídas 4 celas, com espaço para 12 reeducandos cada e área para banho de sol. O prédio conta com água encanada em cada uma das celas e foi construído dentro dos padrões de segurança. Um sistema de câmeras de circuito interno também foi instalado. Atualmente o presídio tem 36 encarcerados. A expectativa é construir futuramente duas salas de aula para atender os reeducandos.

Alexandro Magalhães Pereira, de 31 anos, está há 11 anos cumprindo pena no presídio de Rubiataba. Ele foi um dos reeducandos que ajudaram na construção do novo prédio. O homem que já tinha experiência como pedreiro disse ter ficado satisfeito em poder participar da construção. "Essa experiência me ajudou a passar o tempo, ocupando minha mente e garantindo o sustento da minha família", contou. Cada um dos reeducandos que ajudou nas obras recebeu uma remuneração no valor de R$ 500, além de reduzir um dia da pena a cada três dias trabalhados.

Participaram da solenidade o juiz da comarca de Goiânia, Átila Naves do Amaral; o juiz diretor do Foro de Rubiataba Luciano Borges da Silva; o diretor do presídio, Elias Faustino da Silva; o prefeito de Rubiataba, Jakes Rodrigues de Paula; o prefeito de Nova América, Eurípedes Miguel Manso; o presidente da Câmara de Vereadores de Rubiataba, Ernane Lima; o vereador Marcus Vinícius Queiroz de Almeida; a presidente do Conselho da Comunidade de Rubiataba, Zita Pires de Andrade; o presidente da OAB local, Achiles João da Silva e a promota de justiça Renata Caroliny Ribeiro e Silva. (Texto: Lilian de França e Geovane Gomes/Foto: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social)