O gesseiro Francisco de Assis Fontes Batista, o Galego, confessou ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, durante audiência realizada na 1ª Vara Criminal de Goiânia, na manhã desta terça-feira (27) que realmente atirou a faca que matou o tenente da Polícia Militar Renato Montalvão Simões. No entanto, disse que não tinha a intenção de matar, apenas queria se defender de um possível ataque de pessoas que o estariam perseguindo.

A audiência desta manhã foi realizada em continuidade aos trabalhos iniciados no dia 24 de agosto, depois que a Junta Médica Oficial do Poder Judiciário do Estado de Goiás emitiu laudo médico pericial comprovando que Francisco Batista é plenamente capaz. O crime ocorreu por volta das 3 horas do dia 10 de junho deste ano, no interior de uma casa localizada na Rua 52, no Setor Central.

Francisco Batista contou que havia chegado da Bahia, Estado em que morava, por volta das 15 horas e ficou no Terminal Rodoviário de Goiânia esperando por uma pessoa que iria buscá-lo para trabalhar. Disse que bebeu duas doses de pinga e dois copos de cerveja. À noite saiu para procurar alguma coisa para comer e, quando estava em rua nas imediações da rodoviária, foi perseguido por dois homens.

Durante a suposta perseguição, de acordo com Francisco Batista, outra pessoa se juntou aos perseguidores. Para conseguir escapar, ele disse que subiu no muro da casa e, em seguida, no telhado, que não suportou seu peso. “Depois que cai dentro da casa, em desespero, coloque fogo no botijão de gás e comecei a jogar os objetos que encontrava pela frente para que ninguém entrasse”, afirmou o gesseiro.

Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), Francisco Batista atirou uma faca tipo açougueiro na direção do tenente Montalvão, atingindo-lhe no peito. Ele também foi denunciado por causar incêndio, colocando em risco a vida e o patrimônio de outra pessoa (artigo250 do Código Penal Brasileiro).

De acordo com o MPGO, na noite do crime, Francisco Batista subiu no telhado de uma das casas localizadas no lote onde ocorreram os crimes e, após adentrar em uma delas, começou a quebrar os vidros e janelas e a danificar móveis e eletrodomésticos. A Polícia Militar foi acionada. Assim que os policiais chegaram, começaram a negociar com o gesseiro, para que saísse do imóvel.

No entanto, Francisco Batista não atendeu o pedido e, de posse de um isqueiro, ateou fogo ao imóvel, utilizando também um botijão de gás, segundo a denúncia do MPGO. O Corpo de Bombeiros foi chamado para conter as chamas. O tenente Montalvão resolveu utilizar a arma de choque para tentar conter o gesseiro, mas foi atingido pela faca atirada pelo denunciado.

Durante a audiência realizada em agosto, o representante do MPGO solicitou ao juiz Jesseir de Alcântara que seja oficiado a Superintendência de Polícia Técnico-Científica para que seja enviado o exame pericial do local de crime. Foram ouvidas cinco testemunhas: o tenente do Corpo de Bombeiros Militar Thales Lima Pereira, os policiais militares Juliano Mendes Pereira e Luiz José da Trindade e Valdivino Rodrigues da Silva e Washington Luiz Gonçalves de Cerqueira. Todos os depoimentos confirmaram que Francisco Batista invadiu a casa de Washington Cerqueira, quebrou móveis e utensílios, ateou fogo ao fogão a gás e, antes de ser contido pelos PMs, atirou a faca no peito do tenente Montalvão, causando-lhe a morte. (Texto: João Carlos de Faria/Foto: Hernany César – Centro de Comunicação Social)