O servente de pedreiro Alex Lima Soares, o Dito, de 34 anos, confessou nesta quinta-feira (22), ao juiz da 1ª Vara Criminal da comarca de Goiânia, Jesseir Coelho de Alcântara, ter matado a enteada Nicole de Jesus, de 1 ano e 9 meses de idade, em janeiro de 2016. Ele contou na audiência de instrução criminal preliminar que agrediu a vítima com um soco na barriga, negando as demais acusações. Afirmou que não sabe porque agiu dessa forma a não ser por “bobeira”.

Também ouvida, a mãe da criança, a auxiliar de cozinha Rosângela Pereira de Jesus, de 22, negou ter sido omissa na criação da filha. Afirmou que não tinha conhecimento de que o seu companheiro agredia a criança porque era informada por ele, quando via algum sinal de machucado em seu corpo, de que ela tinha caído. Também foram ouvidas três testemunhas arroladas em comum pela acusação e pela defesa.

Após os depoimentos, que duraram cerca de três horas, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara abriu prazo para que o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) e os defensores apresentem suas alegações finais por memoriais escritos e, após a apresentação, decidirá se Alex Soares irá ou não à júri popular. O magistrado também aguarda manifestação do MPGO sobre a possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo em relação à Rosângela de Jesus, uma vez que ela é acusada de omissão nas torturas sofridas pela filha, cuja pena é de detenção de 1 a 4 anos.

Consta da ação penal proposta pelo MPGO, que no dia 23 de janeiro deste ano, por volta das 21 horas, no interior da residência do casal, localizada na Viela Jardim Botânico, na Vila Redenção, Alex Soares matou sua enteada por motivo fútil, "com emprego de meio cruel e utilizando de recurso que dificultou a defesa da vítima”. O fato que culminou na agressão foi que Nicole de Jesus ter recusado a mamadeira, jogando-a no chão.

Conforme a denúncia, durante oito meses antes da morte de Nicole de Jesus, o padrasto já praticava atos violentos contra ela, como socos, cotoveladas e tapas e chegou até a quebrar uma perna dela como forma de lhe aplicar castigo pessoal, sendo que a indiciada Rosângela de Jesus, mãe da vítima, se omitia em ralação às condutas do padrasto.

Os dois conviviam maritalmente e já tem uma bebê que, atualmente, está com parentes de Rosângela de Jesus, na Bahia. Alex Soares está preso e ela, solta, depois de um tempo de detenção. A audiência foi acompanhada pelos advogados Douglas Dalto Messora (padrasto) e Paulo Gonçalves (mãe). Pelo MPGO atuou o promotor de Justiça Rodrigo Félix Bueno. (Texto: Lílian de França /Foto: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social do TJGO)