O Projeto Acelerar Previdenciário será realizado no povoado de Araras, para atender exclusivamente aos portadores da doença Xeroderma Pigmentoso, ou XP. O evento foi discutido em reunião entre o coordenador do projeto, juiz Reinaldo de Oliveira Dutra, representantes da Assossiação Brasileira de Xeroderma Pigmentoso (AbraXP) e prefeitura de Matrinchã. A data do será decidida em reunião posterior, depois que a AbraXP reunir todos as ações processuais e o TJGO capacitar seus peritos.

O Projeto Acelerar é uma iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) que visa criar meios eficientes para tornar ágil o julgamento de ações repetitivas e complexas no âmbito do Poder Judiciário do Estado. Araras está localizada no distrito de Faina, na comarca de Goiás. O povoado tem uma população aproximada de 800 pessoas, e dessas, 300 são diagnosticadas como portadoras do gene do XP, o que faz do povoado a maior comunidade com a doença no mundo. As pessoas portadoras do XP são hipersensíveis aos raios ultravioletas e, por isso, não podem se expor ao sol.

Muitos portadores tiveram negados o auxílio do INSS em maio deste ano porque os laudos médicos realizados não levaram em consideração a baixa escolaridade da população e que a maioria dos portadores trabalham na lavoura debaixo de sol. Sem o benefício, elas continuaram a trabalhar debaixo de luz solar, o que pode levar ao agravamento da condição. O juiz explicou que isso aconteceu porque os peritos não estavam familiarizados com a doença e assegurou que os da justiça serão capacitados para tratarem as peculiaridades do Xeroderma Pigmentoso.

Ainda existem casos da doença em Hidrolândia, Silvânia e Goiatuba e será feito um esforço entre as prefeituras para que essas pessoas também participem do evento em Araras. O evento será realizado em uma escola fechada para que as pessoas não fiquem expostas ao sol.

O XP em Araras

O Xeroderma Pigmentoso é uma doença ainda incurável, rara e hereditária, porém, a mais de 150 anos existem ocorrências de casos em Araras. Isso ocorre, porque, como o povoado era isolado, aconteciam muitos casamentos consanguíneos, facilitando, assim, a incidência do gene da doença. O povoado é uma comunidade rural e de baixa escolaridade, o que leva muitas pessoas portadoras da doença a trabalharem em lavouras debaixo do sol. Os portadores que se arriscam debaixo do sol apresentam evolução de manchas na pele e aparecimento de tumores malignos. Em casos mais avançados, eles precisam passar por procedimentos cirúrgicos e tem seus rostos mutilados, sendo obrigados a usar próteses para tapar os ferimentos. Desde 2010, o Hospital Geral de Goiânia (HGG) realiza acompanhamento dos portadores da doença em Araras, sob a coordenação da dermatologista Sulamita Costa Wirth Chaibub.

Participaram da reunião Keila Jacobe Adorno, que representou o escritório advocatício de seu pai Odercio de Assis Adorno, Gleice Francisca Machado, presidente da Assossiação Brasileira de Xeroderma Pigmentoso (AbraXP), Antônio Almeida, presidente de honra do AbraXP e o prefeito de Matrinchã Daniel Antônio de Souza, além do juiz Reinaldo de Oliveira Dutra. (Texto: Daniel Paiva - estagiário do Centro de Comunicação Social do TJGO - Fotos: Aline Caetano)