Edmundo Rodrigues, de 78 anos, conseguiu na tarde desta quinta-feira (16), no fórum de Niquelândia, a aposentadoria rural por idade e a pensão por morte. Os benefícios serão implantados no prazo de 60 dias e o acordo foi homologado pelo juiz Rodrigo de Melo Brustolin, durante a realização do Programa Acelerar – Núcleo Previdenciário, na comarca.

O magistrado considerou que os documentos trazidos aos autos têm idoneidade para constituir prova. “A procuradora do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) entendeu que nos autos havia comprovação de que Edmundo mantivera união estável com a companheira, sendo que ambos viviam no meio rural e sobreviviam apenas do trabalho como segurados especiais”, salientou.

A alegria dele foi ressaltada quando o juiz disse que além de aposentado, teria o direito à pensão por morte da esposa – ela faleceu há quatro anos. “Se ela tivesse aqui, estaria feliz também pela minha aposentadoria. O que eu mais sinto falta na minha vida é dela”, desabafou com um misto de alegria e saudade. Ele disse que a mulher com que viveu há 45 anos morreu de parada cardíaca. “Quando chegamos na cidade já estava morta”, contou.

Ele e Filó – como ele a chamava – tiveram 14 filhos, destes, 3 morreram ainda na infância. “A gente foi criado e criamos nossos filhos na roça. Até que a morte separou ela de mim. A lembrança dela não sai do meu pensamento”, afirmou, voltando mais uma vez no assunto. “Agora vou poder pelo menos comprar os meus remédios e o de comer”. Edmundo não soube falar quantos netos tem. “É um punhado”, falou sorrindo.

Apesar de ainda trabalhar na roça e “ter saúde boa”, Edmundo disse que tem problema de pressão, às vezes sente tontura e não tem sono. “Graças a Deus tenho saúde, mas em alguns dias não me sinto muito bem”, destacou. Morando sozinho desde que a mulher morreu, ele disse que o que mais gosta de fazer é “montar num animal e ouvir rádio. Televisão não me faz falta”, garantiu.

Do lado de fora da sala de audiências, a torcida dos três amigos que estavam com ele era que Edmundo conseguisse pelo menos um dos benefícios que foi pleiteado. “Deus ajuda que ele vai conseguir. É muito trabalho e já sofreu demais na vida”, disse Maria Serafina Ferreira dos Santos. “Eu conheço ele já tem mais de 30 anos”, completou.

E a comemoração foi feita por todos no fórum. “Eu já vi ele colhendo mais de 300 sacos de arroz”, ressaltou José Zito Gonçalves de Siqueira, vizinho de Edmundo há 20 anos.

Niquelândia
Após passar pela comarca de Porantagu, o Acelerar Previdenciário chegou nesta quinta-feira (16) à comarca de Niquelândia para a realização de 180 audiências. Somente no primeiro dia, cerca de 200 pessoas passaram pelo fórum e a expectativa é de que mais 300 comparecam na sexta-feira (17). (Texto: Arianne Lopes/Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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