O Programa Acelerar – Núcleo Previdenciário chegou, nesta quinta-feira (30), à comarca de Maurilândia para a realização de cerca de 150 audiências. Os trabalhos, no fórum local, seguem até amanhã (1°). Além de Maurilândia, durante a semana, a equipe do Acelerar Previdenciário passou pelas comarcas de São Simão, Cachoeira Alta e Paranaiguara.

Durante os três primeiros dias desta semana, foram realizadas 170 audiências, atingindo um índice de 93,59% de sentenças proferidas. Além disso, os números divulgados pela coordenadoria do Acelerar Previdenciário revelou que foram realizados 98 acordos, movimentando R$ 996.046,69, referentes aos atrasados.

“O resultado foi o esperado. Conseguimos sentenciar mais de 90% dos processos pautados e o número de processos resolvidos de forma consensual também é expressivo porque, quando os procuradores percebem a existência evidente do direito, eles oferecem a proposta de acordo, o que na grande maioria das vezes é aceita pelas partes”, ressaltou o coordenador do Núcleo Previdenciário, juiz Reinaldo de Oliveira Dutra.

Vivendo há mais de 45 anos em Goiás, Joce Alves de Sousa (foto à direita), de 65 anos, conseguiu se aposentar. Ele conta que nasceu na Bahia, mas veio para Maurilândia em 1971 para tentar uma vida melhor. “Larguei tudo lá e vim trabalhar na roça. Lá, a gente até passava fome”, contou. Além de passar a receber um salário-mínimo mensal, Joce vai receber R$ 16 mil em atrasados. “Eu estou chorando de emoção. Nunca tive nada nisso na minha vida”, falou emocionado. O acordo foi homologado pelo juiz Reinaldo de Oliveira Dutra.

Morando sozinho em Maurilândia, ele afirmou que já sabe o que vai fazer com o dinheiro. “Aqui eu não tenho família, minha mulher me abandonou e meus filhos já são criados. Agora, eu vou a Bahia para ver meus irmãos que eu não vejo desde quando vim para cá. Um punhado morreu, mas três ainda estão vivos”, planejou.

Arlindo Eugênio da Silva (foto à esquerda), de 62 anos, tem uma história parecida com a de Joce. Ele é pernambucano e veio para Goiás quando tinha 12 anos. “Eu vim sozinho em um caminhão pau de arara. Meu pai nos abandonou e minha mãe não me quis”, lembrou. Ao saber que em Goiás “era bom para ganhar dinheiro” ele diz que não pensou duas vezes. “Juntei minhas coisas, arrumei dinheiro e vim para cá”, contou. Ele revelou que nunca se casou e não teve filhos porque não quis. “Eu não achei ninguém", disse. O acordo foi homologado pelo juiz Luciano Borges da Silva. 

E foi sozinho que ele encontrou a Edinalva Lemes da Silva, uma mulher que o ajudou. “Ele estava abandonado. Morava com um casal de idosos, mas eles morreram. Eu e meu marido ficamos com dó e estamos cuidando dele há cinco anos”, contou. Ela disse ainda que Arlindo tem vários problemas de saúde. “Eu fiz um cômodo para ele no fundo da minha casa. E a gente compra remédio e trata dele”, afirmou.

De outro Estado, veio também Francisca Martina da Silva, de 64 anos. A mulher, que passou por nove cirurgias, chorou de emoção. “Não quero luxo, só quero ter saúde. E com esse dinheiro vou poder comprar meus remédios”, destacou. Andando com dificuldade, ele afirmou que tem prótese nos dois joelhos. “Estar devendo a farmácia e não ter dinheiro nem para comprar comida é muita vergonha”, desabafou. Ao ficar sabendo que receberá em atrasados quase R$ 37 mil, ela não aguentou e começou a chorar. “Estou realizando o meu sonho. Que Deus abençoe vocês”, finalizou. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)  

Veja a galeria de fotos