O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) recebe, a partir desta quinta-feira (28), o projeto Gift Box, que visa à conscientização a respeito do tráfico de pessoas. A iniciativa foi criada em Londres, no Reino Unido, em 2012, e tem apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). O público tem até o fim da próxima semana para visitar a instalação, situada no hall térreo, com entrada pela Avenida Assis Chateaubriand.

Com o formato de uma caixa de presente, assim como o nome em inglês sugere, a instalação, à primeira vista, parece bem atrativa. Na embalagem em tamanho gigante, mensagens como “conheça o mundo” e “ganhe dinheiro” chamam a atenção do público. Contudo, ao entrar no local, são mostradas histórias reais de pessoas que foram vítimas de exploração sexual e viveram em condições análogas à escravidão, ao deixarem suas casas em busca de empregos supostamente promissores.

Na solenidade de abertura, o juiz Rinaldo Aparecido Barros (foto à esquerda), agradeceu o apoio institucional do TJGO na luta contra esse tipo de crime. “Os magistrados deixaram de ser apenas julgadores de processos para serem agentes de transformação social. É importante destacar que o TJGO é pioneiro ao encampar essa luta: em 2012, na primeira gestão na presidência do desembargador Leobino Valente Chaves, foi feito um fórum nacional com tema. Em seguida, culminou de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) institucionalizar a luta”.

Sobre a relevância da campanha, o magistrado salientou o caráter informativo à população. “Os traficantes aliciam pessoas objetivando apenas lucro e vendendo um sonho de uma vida melhor, de trabalhar menos e ganhar mais. É preciso conscientizar as pessoas para que elas busquem informações e verifiquem se a realidade daquele emprego corresponde à expectativa”.

Ainda segundo Rinaldo Barros, além do tráfico internacional, há vários casos no Brasil, de pessoas que saem de suas cidades natais em busca de trabalhos melhores e acabam vivendo em condições análogas à escravidão. “Há situações de exploração sexual, de adolescentes travestis que saem do Pará e vêm para Goiás, mas acabam vivendo em cativeiros, sendo obrigados a se prostituir, de pessoas em confecções de vestuário, como em Jaraguá e São Paulo, exploração de jogadores de futebol e modelos e, até mesmo, de tráfico de órgãos”.

Também presente na cerimônia, o desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga, presidente da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar e de Execução Penal, elogiou a atuação do Poder Judiciário na prevenção e na repressão ao tráfico humano e afirmou que esse tipo de iniciativa o faz orgulhar-se de integrar a instituição.

A estimativa é que o tráfico de pessoas movimente anualmente mais de R$ 30 bilhões, só perdendo para o comércio ilegal de armas. Para a superintendente executiva da Mulher e da Igualdade Racial, Gláucia Maria Teodoro Reis, “o TJGO ajuda a formar uma rede de proteção, prevenção e repressão a esse tipo de crime”.

Participaram da solenidade de abertura o presidente do TJGO, desembargador Leobino Valente Chaves, o diretor-geral, Stenius Lacerda Bastos, o diretor do Foro de Goiânia, juiz Wilson da Silva Dias e os representantes da Organização Não Governamental Projekt Resgat, com sede no Brasil e na Suíça, Marco Aurélio de Souza e Vicente Medeiros. (Texto: Lilian Cury/ Fotos: Hernany César – Centro de Comunicação Social do TJGO)


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