O juiz Leonardo Fleury Curado Dias, da 4ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia, ouviu cinco testemunhas relacionadas à Chacina Serra das Areias, na tarde desta quarta-feira (5), no fórum da cidade. Uma sexta testemunha - que, segundo a defesa, é essencial para a instrução do processo - não foi encontrada para intimação e, portanto, não compareceu em juízo. Por esse motivo, Leonardo Fleury agendou uma segunda audiência para o dia 26 de março, às 15 horas, quando também serão colhidos os interrogatórios dos acusados Taygo Henrique Alves Santana e Alisson Pereira Costa e Silva. Por serem menores, os outros dois réus responderão perante o Juizado da Infância e da Juventude, em processo sigiloso.

Primeira a ser ouvida, Carlecy de Sousa Ferreira, mãe da jovem Rayssa de Sousa Ferreira contou que, no dia da tragédia, sua filha não foi à aula por estar com cólica, mas recebeu a visita de Danielle Gomes da Silva, que também foi morta, e da menor, então namorada de Taygo. Segundo Carlecy, as jovens estavam sentadas na porta de sua casa e, quando seu filho mais velho se deu conta, as três haviam desaparecido.

Na sequência, a testemunha Maria do Carmo Pereira, a mãe de Danielle, ressaltou que foi trabalhar e, ao retornar, não teve mais notícias da filha. As duas mães começaram a procurar por suas filhas, que eram muito amigas, e conviveram com essa angústia por uma semana, findada quando os cadáveres das jovens foram encontrados carbonizados num matagal.

Terceiro a falar, o menor G.F.P., de 17 anos, era amigo das vítimas e contou que, naquele dia, eles chegaram atrasados na escola e não puderam entrar. Com medo da repreensão dos pais, não retornaram para suas casas na mesma hora. Foram, então, até um lago que ficava próximo dali para gravarem um vídeo e postar em suas redes sociais. Pouco tempo depois, segundo ele, foram embora. No dia seguinte, ficou sabendo da morte de Denis Pereira dos Santos e do desaparecimento dos outros jovens.

O avô e pai de criação de Denis, João Manuel de Santana, contou em juízo que viu viaturas em seu bairro e, ao final da tarde, recebeu uma ligação de policiais informando que haviam encontrado seu filho morto. Muito abatido, Fábio Almeida, pai de Neylor Henrique Gomes Carneiro, morto na chacina, se mostrou indignado ao ficar frente a frente com o assassino de seu filho.

Fábio quebrou o protocolo judicial e se digiriu para Taygo, indagando: “Você é novo, por que matar por causa de mulher ?! Olha nessa sala o tanto de mulher que tem e você matou meu filho por uma coisa tão pequena...”. O juiz teve de conter Fábio, nesse momento.

Acusação

Taygo, Alisson e os dois menores respondem por três crimes: quatro homicídios triplamente qualificado, pelas qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e por ter dificultado a defesa das vítimas; ocultação de três cadáveres e formação de quadrilha. Taygo e Alisson respondem, ainda, e por duas vezes, por corrupção de menores.

Entenda o caso

De acordo com a denúncia, no dia 19 de agosto de 2013, por volta das 13h30, na Serra das Areias, em Aparecida de Goiânia, Taygo e Alisson, com a participação de dois menores, mataram Neylor Henrique Gomes Carneiro, Rayssa de Sousa Ferreira, Daniele Gomes da Silva e Denis Pereira dos Santos.

Consta que Taygo planejou a morte de Neylor após ler uma conversa dele com sua namorada, em rede social. Se sentindo desafiado, decidiu matá-lo, contando com a ajuda dos comparsas. Já na Serra das Areias, Neylor, Rayssa e Daniele foram assassinados com tiros na nuca, enquanto Denis foi morto em local um pouco mais distante, da mesma forma.

Após as mortes, quando apenas o corpo de Denis havia sido localizado, Alisson e um menor voltaram ao local onde foram mortas as três primeiras vítimas e atearam fogo nos corpos, que ficaram carbonizados e destruídos. (Texto: Jovana Colombo / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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