Cairo Petrucci de Paiva assumiu ser o autor do disparo que matou o garçom Edmar Cavalcante Rebelo Filho, mas que não tinha a intenção de atingi-lo, apenas “passar um susto”. A afirmação foi feita na manhã desta sexta-feira ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, durante audiência preliminar criminal na 1ª Vara Criminal de Goiânia. O crime ocorreu na madrugada de 19 de fevereiro deste ano, na Boate Pink Elephant Tour, na Rua 139, no Setor Marista.

Segundo Cairo Petrucci contou ao magistrado, no dia do crime ele dirigiu-se a uma outra boate, no Parque Santa Luzia, por volta das 16 horas. Neste local ele conheceu um rapaz identificado apenas como Emerson, com quem foi até a Pink Elephant por volta da meia-noite. Disse estar embriagado e que discutiu com Edmar Filho e outras duas pessoas na saída, porque eles ficaram “fazendo gracinha” logo após terem sido barrados na entrada pelos seguranças.

Quem derrubou a garrafa de cerveja de Edmar Filho, de acordo com as declarações de Cairo Petrucci, foi Emerson. Logo após a discussão, os dois foram até o carro. “O Emerson me deu a pistola, que estava embaixo do banco”, afirmou. O denunciado contou que o conhecido o incentivou a voltar até a boate “para passar um susto”. Segundo o depoimento, ao voltar até a porta da boate, a arma teria travado, mas depois ele teria atirado a esmo e ido embora no carro de Emerson até um ponto de táxi no Setor Marista. “Só fiquei sabendo da morte no dia seguinte”, afirmou.

O estudante de Medicina Givago Santana Leal e Silva disse ter presenciado a discussão e o crime. Ele contou que Cairo Petrucci discutiu com Edmar Filho, saiu e voltou em seguida. Também confirmou que o rapaz foi o autor do disparo que alvejou a vítima. Afirmou ainda que tentou socorrer o garçom, mas a equipe de segurança da boate o levou para fora do estabelecimento e o colocou dentro do carro de uma pessoa, que seguiu para o hospital.

Carlos Antônio de Oliveira e Gilser Chagas de Oliveira testemunharam arrolados pela defesa. Eles não presenciaram o crime, apenas afirmaram que Cairo Petrucci era um jovem calmo, que não se envolvia em confusão nem usava drogas.

Os trabalhos tiveram início no dia 28 de julho e foram suspensos devido à insistência do representante do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), bem como dos advogados da assistência de acusação, em ouvir testemunhas arroladas e que não compareceram. O juiz Jesseir de Alcântara abriu prazo para MPGO e defesa apresentarem as alegações finais. Participaram da audiência o promotor Maurício Gonçalves de Camargos e os assistentes de acusação Ronaldo David Guimarães e Leonardo Menossi Hisbek, e pela defesa, o advogado Edson Carneiro Caetano.

Cairo Petrucci foi denunciado pelo MPGO por homicídio com as qualificadoras de motivo fútil e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.  Segundo a denúncia do MPGO, a vítima foi até a boate com o cunhado Jakson e o amigo Diayson Viana. O três chegaram ao estabelecimento aproximadamente à meia-noite. Por volta das 2h20, Cairo de Paiva e outros dois amigos tentaram entrar na casa, mas foram impedidos pelos seguranças, sob o argumento de que o expediente já estava terminando.

Cairo de Paiva e os amigos permaneceram na porta da boate. Antônio, Jakson e Diayson resolveram ir embora. Antônio e Diayson foram para a portaria, enquanto Jakson providenciava o pagamento da conta. A vítima e o amigo estavam com uma garrafa de cerveja cada e sentaram-se em uma mureta na varanda da boate. Neste momento, de acordo com a denúncia do MPGO, Cairo de Paiva e os dois amigos decidiram ir embora e, quando saiam, ele derrubou a garrafa da vítima intencionalmente. Teve início, então, uma rápida troca de palavras entre eles, mas sem que houvesse troca de agressões físicas. Segundo o órgão ministerial, o suspeito disse na delegacia, para onde foi levado depois de preso em cumprimento a mandado de prisão temporária, que após a discussão e ao chegar ao carro de um dos amigos, este o entregou uma pistola e instigou a atirar na vítima.

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, ao receber a denúncia contra Cairo Petrucci de Paiva, no dia 3 de maio, converteu a prisão temporária em preventiva. Ele acatou os argumentos do MPGO, de que o crime abalou a sociedade pela futilidade da motivação e a liberdade do suspeito representa sentimento de insegurança e descrédito. O magistrado determinou também à Delegacia de Investigação de Homicídios a realização de investigação complementar para apurar a participação de duas outras pessoas no homicídio.