Mara Rúbia Mori Guimarães disse, nesta quarta-feira (19), que não perdoa seu ex-marido, Wilson Bicudo da Rocha, que está sendo julgado nesse momento por tentativa de homicídio triplamente qualificado por ter agredido e perfurado seus olhos, em agosto do ano passado.

“Nunca vou perdoar ele. Ele destruiu a minha vida. Porque eu tenho de perdoar? Ele destruiu a minha vida por pura vaidade, por achar que mulher tem de apanhar e continuar aguentando só porque eles são mais fortes que a gente. Nunca vou perdoar ele. Nunca”, disse ela, que será a primeira a ser ouvida no julgamento, presidido pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara.

Para Mara Rúbia, a prisão de Bicudo é a única forma dela continuar vivendo em segurança. “Ele estar preso é o único jeito de eu viver. Ele é quem quer me matar porque eu não quis voltar com ele”, ponderou ela, até hoje em tratamento para recuperar a visão.

Na semana passada, sete meses após o crime, ela fez um novo procedimento para tentar melhorar a visão do olho esquerdo. Com o direito, ela ainda não vê, mas o médico tem expectativas de que ela possa passar a enxergar, com óculos, daqui há seis meses.

“Eu pretendo não olhar pra ele. Ele foi um monstro. Não quero ver aquele homem”, disse. “Que a justiça seja feita e que ele pegue pena máxima”, afirmou.

A advogada de Mara, contudo, teme que os jurados aceitem a desclassificação do crime para lesão corporal. Para Darlene Liberato, essa chance existe e, caso isso ocorra, a pena, que pode variar de 12 a 30 anos de prisão, poderá cair pela metade.


O caso

Consta dos autos que, no dia 29 de agosto de 2013, por volta das 11h50, Mara Rúbia chegou em casa para o almoço e deixou a porta encostada. Pouco depois, foi surpreendida por Wilson Bicudo, que a agarrou pelo pescoço e a empurrou para cima da cama, momento em que afirmou que estava no local para matá-la. Bicudo deu continuidade às agressões e sufocou a ex-companheira com as mãos, até que ela desmaiasse.
Quando Mara Rúbia recobrou a consciência, Wilson amarrou suas mãos e pescoço com um fio de telefone. Em seguida, ele perfurou o olho direito de sua ex-companheira com uma faca de mesa. Não satisfeito, perfurou também seu olho esquerdo, momento em que ela desmaiou de dor pela terceira vez.
Acreditando que teria matado a ex-companheira, Bicudo saiu da casa e, para garantir que ela não conseguisse pedir socorro, caso não tivesse morrido, trancou o portão e levou as chaves consigo, além de levar também o celular dela. Mara Rúbia só foi socorrida quando recobrou os sentidos, conseguiu soltar o fio de telefone que amarrava suas mãos e seu pescoço e começou a gritar. Os vizinhos ouviram e chamaram o Corpo de Bombeiros. (Texto: Aline Leonardo Fotos: Hernany César - Centro de Comunicação Social do TJGO)


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