O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, abriu prazo para o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) se manifestar sobre o pedido de relaxamento da prisão feito pela defesa do analista de sistemas Álvaro Gabriel de Mello Cunha, durante audiência de instrução preliminar criminal realizada nesta manhã. Ele foi denunciado pelo MPGO pelos homicídios de José Milton Rodrigues e Dioneide Soares Farias, com dolo eventual por assumir o risco de matar ao dirigir embriagado.

O duplo homicídio ocorreu por volta das 5h40 de 15 de junho deste ano, na Avenida Feira de Santana, no Parque Amazônia. Segundo a denúncia do MPGO, o carro conduzido por Álvaro Cunha, um Fiat Uno, atravessou o canteiro central da avenida depois de o condutor perder o controle da direção e tombou sobre a moto em que as duas vítimas estavam. José Milton e Dioneide Farias morreram no local do acidente. O analista de sistemas foi preso em flagrante e levado para a Casa de Prisão Provisória após passar por audiência de custódia.

Álvaro Cunha admitiu ter bebido cerveja na noite anterior a morte das duas vítimas, na casa de um primo. Segundo ele, por volta da meia-noite deitou-se no sofá da residência e dormiu até por volta das 5 horas, quando acordou, ainda com um pouco de ressaca, e decidiu ir embora para casa, onde ficaria com a mãe. O analista de sistemas relatou tanto ele quanto a mãe estavam muito tristes, porque quatro dias antes do ocorrido o pai havia morrido.

O analista de sistemas contou que ao chegar no local onde ocorreu o acidente, perdeu o controle da direção do veículo, por uma falha mecânica, colidiu com um muro e avançou sobre o canteiro central. Álvaro Cunha disse que neste momento perdeu a consciência e só acordou depois que o carro ficou tombado na pista, sobre as duas vítimas. Informou que ele próprio acionou a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, permaneceu no local e realizou teste de alcoolemia (bafômetro).

Os policiais militares Josemar Soares de Coelho e Marcelo Vieira Vergílio, que atenderam a ocorrência, afirmaram que o estado de embriaguez de Álvaro Cunha foi atestado pelo teste de bafômetro. Os dois militares disseram também que, ao chegarem ao local, o analista de sistemas estava sentado no meio-fio, próximo do carro e das vítimas e que apresentava hálito etílico e outros sinais de embriaguez.

O eletricista Esli Araújo Lima afirmou que conduzia se carro pela Avenida Feira de Santana, no sentido bairro-centro, o mesmo que as duas vítimas. Ele disse que percebeu o excesso de velocidade empreendido por Álvaro Cunha e o momento em que perdeu o controle da direção do veículo após bater no meio-fio do lado direito da pista. “Eu tive de desviar dele para não bater. Depois de deixar minhas mulher e filha no trabalho, voltei ao local do acidente e percebi que o motorista do Uno estava embriagado”, afirmou.

A mãe de Álvaro Cunha, Cleusa Heleno de Mello Cunha, prestou depoimento sob forte emoção. Ela disse que o filho não tinha o hábito de beber nem de dirigir sob o efeito de álcool. Também afirmou que o carro apresentou defeito dias antes do ocorrido mas que os reparos não foram providenciados devido a questões financeiras e à necessidade de utilizar o automóvel para transporte do marido, que estava doente. Relatou ainda a forma como o analista de sistemas foi abordado pelos policiais militares, a realização do exame de bafômetro e a condução até a delegacia de polícia.

A tia do acusado, Maristela de Mello Paula, ressaltou traços da personalidade de Álvaro Cunha e a dinâmica do fato. O empresário Silvanio Florentino da Costa falou sobre a conduta profissional responsável e séria do analista de sistemas. Afonso Campos Paiva, que é amigo da família do acusado, confirmou que Álvaro Cunha realizou teste de bafômetro no local e que foi conduzido à delegacia de polícia. Fábio Rosa da Fonseca, proprietário de uma oficina mecânica, relatou que cerca de um mês antes do ocorrido, o pai do acusado esteve em seu estabelecimento e fez um orçamento de reparos e aquisição de peças para a suspensão e setor de direção do Fiat Uno, mas que o serviço e a troca das peças não foram realizados.

Leonardo Roberto Ferreira de Melo, primo do acusado, confirmou que houve consumo de cerveja na noite anterior ao ocorrido em sua casa, mas que Álvaro Cunha foi dormir por volta da meia-noite. Disse também que não viu o momento em que ele saiu do imóvel e que tomou conhecimento do acidente pelo noticiário na televisão. Samuel de Mello Oliveira, que estava na companhia de Leonardo e do analista de sistemas, afirmou que os três beberam cerveja. (Texto: João Carlos de Faria/Fotos: Hernany César – Centro de Comunicação Social)