Composição do Grupo Gestor da Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário Goiano.

I – Dr. Decildo Ferreira Lopes, Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Goianésia e Coordenador da Gerência de Cidadania do NUPEMEC;

II – Drª Sirlei Martins da Costa, Juíza Auxiliar da Presidência;

III – Dr. Altair Guerra Da Costa, Juiz Auxiliar da Corregedoria-geral de Justiça - CGJ;

IV –  Drª Maria Socorro de Sousa Afonso da Silva, Magistrada Representante da Capital;

V – Drª Marianna De Queiroz Gomes, Magistrada Representante do Interior;

VI – Dr. Carlos José Limongi Sterse, Juiz Coordenador da Infância e Juventude;

VII – Dra. Célia Regina Lara, Juíza Coordenadora AdjuntaDa Infância e Juventude;

VIII – Mônica Vieira da Silva Borges, Coordenadora Administrativa e Técnica Do Cejur;

IX – Maria Nilva Fernandes Da Silva Moreira, Coordenadora da Equipe Interprofissional da CGJ;

X – Ilton Machado Borges Júnior, Assessor de Projetos da Diretoria de Planejamento Estratégico;

XI – Eunice Machado Nogueira, Coordenadora Administrativa da EJUG.

Nomeados pelo Decreto Judiciário Nº 1.795/2021.


Equipe do técnica do NUCJUR e do Centro de atividades de Justiça Restaurativa de Goiânia-CEJURE-GYN

Érica Fernanda Teixeira Santos, Musicoterapeuta;

Kátia Abdala Tuma Mendonça, Psicóloga;

Laiane Carolina de matos, Assistente Social;

Lucília de Lima, Psicóloga;

Rachel Moreira de Menezes, Psicóloga;

Mônica Vieira da Silva Borges, Assistente Social e Coordenadora técnica.

  • Acolhimento das demandas espontâneas e voluntárias;
  • Encaminhamentos à rede de proteção social;
  • Círculos de Construção de Paz e/ ou restaurativos;
  • Oficinas educativas;
  • Encontros Restaurativos;
  • Grupos Reflexivos e outros;
  • Atendimento dos casos encaminhados pelos Juizados e Varas criminais;
  • Realização de eventos que promovam e disseminem a Cultura de Paz;

 Como ter acesso aos Serviços Oferecidos:

  •  Encaminhamentos realizados pelo Juiz;
  •  Acesso espontâneo.

Projeto Pilares: Edificando uma cultura de paz

O Projeto Pilares é desenvolvido pela Corregedoria-Geral da Justiça, o seu objetivo é a formação de facilitadores de Círculos de Justiça Restaurativa e Construção de Paz para atuarem na prevenção e resolução de conflitos, por meio de processos circulares, no espaço escolar, com vistas a promoção de competências socioemocionais e cultura de paz. Segue no link abaixo relatório sobre as ações do Projeto Pilares.

Projeto Construção da Paz em Rede

O presente projeto surgiu a partir da necessidade de fortalecer a Rede de Apoio do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e Adolescentes em Goiânia, com a apresentação da Justiça Restaurativa compreendida como um processo através do qual todas as pessoas envolvidas em um ato que causou ofensa reúnem-se para decidir coletivamente como lidar com as circunstâncias presentes, buscar a satisfação pela restauração dos danos e a transformação da situação, do conflito decorrente desse ato e suas implicações. A Justiça Restaurativa vem propor que se repense o paradigma da judicialização das relações pessoais e introduza o paradigma político-social que toma em consideração o fenômeno social da violência, intimamente relacionado com as estruturas sociais, econômicas e políticas, da mudança do paragdima “correcionista” ou coercitivo para o paradigma reflexivo, segundo o qual o ser social é sujeito de direitos humanos.

Visando expandir as práticas restaurativas para fortalecer a Rede de Apoio de Goiânia faz-se necessário a capacitação dos técnicos que atuam na porta de entradas das crianças e adolescentes e suas famílias, objetivando que eles estejam preparados para levar até aos seus usuários as mudanças de paradigmas propostas pela Justiça Restaurativa.

Dessa forma, a Coordenadoria da Infância e Juventude, Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, Núcleo da Justiça Restaurativa do TJ-GO e o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos propõe a realização de capacitação para os técnicos da Rede de Apoio de Goiânia para atuarem com a Justiça Restaurativa, visando a diminuição da judicialização desnecessária de conflitos, a diminuição de reincidências da prática de atos infracionais, acompanhamento de crianças adolescentes em situação de vulnerabilidade acompanhados pela Rede e a contribuição para a melhoria do atendimento ao público nas portas de entrada da Rede de Apoio na Capital.

O projeto teve início no mês de novembro de 2019, onde foram realizadas as primeiras etapas presenciais/vivenciais do Curso de Formação de Facilitadores em Círculos de Construção de Paz e Justiça Restaurativa, sendo esta a primeira turma do Projeto Construção da Paz em Rede. Estão participando pessoas de várias instituições que compõe a Rede de Proteção Social em Goiânia-GO: Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social: Unidades do Socioeducativo, Secretaria Municipal de Assistência Social: Centro de Referência em Assistência Social - CREAS, Secretaria Municipal de Saúde, Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, Secretaria Municipal de Educação e Esporte, Guarda Civil Metropolitana de Goiânia, Instituições de Acolhimento: Lar Mãe Zeferina e Casa de Amparo. A turma finalizou as primeiras etapas presenciais com 38 alunos aptos para a fase de estágio e o curso seria encerrado com a terceira etapa que seria realizada no dia 03/04/2020, porém foi prorrogado para data oportuna devido à pandemia do novo corona vírus, de acordo com recomendação das autoridades de saúde e da presidência do TJGO.
 

Projeto Encontros Restaurativos no 1º Juizado Especial Criminal da comarca de Goiânia

(Em construção e elaboração, previsto para iniciar no segundo semestre de 2020).

Projeto "Além da Punição" da Comarca de Goianésia-GO

O projeto "Além da Punição" atua na área criminal, não se restringe a uma única ação ou procedimento, mas é influenciado por referenciais de Justiça Restaurativa, pautando-se pelo desejo de construção de uma sociedade fraterna. Coordenado pelo Juiz de Direito Dr. Decildo Ferreira Lopes, o projeto ganhou o prêmio de boas práticas na Justiça Criminal do Fórum Nacional de Juízes Criminais- FONAJUC.

Projeto "Regando Flores" da Comarca de Mozarlândia-GO

O Projeto “Regando Flores”  trabalha na área da violência doméstica sob a coordenação da Juíza de direito Dra. Mariana de Queiroz Gomes. O projeto atende tanto vítimas quanto autores de violência doméstica.

O QUE NÃO É JUSTIÇA RESTAURATIVA

Extraído do livro "Justiça Restaurativa", de Howard Zehr*

Justiça Restaurativa NÃO tem como objetivo principal o perdão ou reconciliação

"É verdade que a Justiça Restaurativa pode oferecer um contexto em que ambos podem acontecer (...) Contudo, essa é uma experiência que varia de participante para participante e que depende inteiramente dos aspectos individuais. Nem o perdão nem a reconciliação são pré-requisitos ou resultados necessários da Justiça Restaurativa."

A Justiça Restaurativa NÃO implica numa volta das circunstâncias anteriores

"Um retorno ao passado não é possível e nem mesmo desejável. Frequentemente, a Justiça Restaurativa requer um movimento na direção de um novo senso de identidade e saúde ou novos relacionamentos mais saudáveis. 'Não se trata de retornar ao estado pré-conflitual, mas retornar à melhor versão de nós mesmos, que sempre esteve presente. Os processos de JR criam a possibilidade de transformação das pessoas, dos relacionamentos e das comunidades" (Fania Davis)".

A Justiça Restaurativa NÃO é mediação

É fato que muitas vezes os programas de Justiça Restaurativa são pensados em torno da possibilidade de um encontro facilitado entre vítimas, ofensores e, possivelmente, familiares e comunidade. "No entanto, nem sempre se escolhe realizar o encontro, nem seria apropriado. Além disso, as abordagens restaurativas são importantes mesmo quando o ofensor não foi identificado ou preso, ou quando uma das partes não se dispõe ou não pode participar. Portanto, as abordagens restaurativas não se limitam ao encontro e nem precisam dele. Mesmo quando o encontro acontece, o termo "mediação" não o descreve." É importante, na maioria dos casos, que o ofensor admita algum grau de responsabilidade pela ofensa e os programas de Justiça Restaurativa reconheçam e deem nome para tal ofensa.

A Justiça Restaurativa NÃO tem por objetivo principal reduzir a reincidência ou as ofensas em série

"A redução da reincidência é um subproduto, mas Justiça Restaurativa é praticada, em primeiro lugar, pelo fato de se tentar restaurar o que for possível. Aqueles que sofreram o dano devem ser capazes de identificar suas necessidades e de tê-las apontadas. Aqueles que causaram o dano devem ser estimulados a assumir a responsabilidade e aqueles que foram afetados por um delito devem ser envolvidos no processo - independente do fato de os ofensores caírem em si ou abandonarem seu comportamento transgressor."

A Justiça Restaurativa NÃO é um programa ou projeto específico

"Muitos programas adotam a Justiça Restaurativa no todo ou em parte. Contudo, não existe um modelo puro que possa ser visto como ideal ou passível de implementação imediata em qualquer comunidade (...) A Justiça Restaurativa não é um mapa, mas seus princípios podem ser vistos como uma bússola que aponta na direção desejada. No mínimo, a Justiça Restaurativa é um convite ao diálogo e à conscientização"

A Justiça Restaurativa NÃO se limita a ofensas menores ou ofensores primários.

"A experiência tem demonstrado que as abordagens restaurativas podem produzir impacto em casos de crimes mais graves. As perguntas balizadoras da Justiça Restaurativa podem ajudar a criar respostas judiciais sob medida para situações muito difíceis. A violência doméstica é provavelmente a área de aplicação mais desafiadora e, nesse caso, aconselha-se grande cautela. Não obstante, abordagens restaurativas bem-sucedidas têm emergido também nesse campo." Uma capacitação minuciosa dos facilitadores, inclusive acerca das questões subjacentes que geram a violência, podem produzir bons resultados.

A Justiça Restaurativa NÃO é algo novo, nem se originou nos Estados Unidos.

"O moderno campo da Justiça Restaurativa desenvolveu-se nos anos 1970, a partir de projetos pilotos em várias comunidades norte-americanas". Houve empenho de menonitas e de outros profissionais de Ontário, Canadá, e, depois, Indiana, Estados Unidos (...). Contudo, a Justiça Restaurativa deve muito à várias tradições culturais e religiosas. Muitas tradições indígenas tiveram e ainda tem elementos restaurativos importantes.  A JR beneficiou-se enormemente do legado dos povos nativos da América do Norte e da Nova Zelândia, que se reuniam em círculo para solução de seus problemas".

A Justiça Restaurativa NÃO é uma panaceia nem um substituto para o sistema judicial.

A Justiça Restaurativa não é, de modo algum, resposta para todas as situações. Ela tem seu espaço conjuntamente com o sistema judicial, possibilitando que sejam abordados novos aspectos que somente o processo criminal não conseguiria (...) A Justiça Restaurativa possibilita que os aspectos pessoais e emocionais das vítimas e de ofensores sejam trabalhados, dotando-os de maior equilíbrio emocional e de mecanismos para melhor se relacionarem em sociedade.

A Justiça Restaurativa NÃO é uma alternativa ao aprisionamento.

As abordagens restaurativas podem ser usadas após as sentenças condenatórias; podem, nestas, serem determinadas e, até mesmo, podem ser utilizadas em fase de cumprimento de pena. A Justiça Restaurativa pode ser uma alternativa à prisão nos casos em que se permite a substituição da pena, podendo-se, assim, reduzir a dependência do sistema prisional em casos de regime aberto. Entretanto, não elimina a necessidade de encarceramento nos casos previstos em lei.

A Justiça Restaurativa NÃO se contrapõe à justiça criminal.

A Justiça Restaurativa não se contrapõe à justiça criminal. Ambas se completam e possuem muitos pontos de interseção.

*HOWARD ZEHR

Howard Zehr tem sido chamado de "avô" da Justiça Restaurativa, tendo começado a trabalhar como praticante e sistematizador teórico no final dos anos 1970, nos primeiros estágios fundadores desse campo de atuação. É reconhecido mundialmente como um dos pioneiros da Justiça Restaurativa. Atualmente, é professor de sociologia e de Justiça Restaurativa no curso de graduação em Transformação de Conflitos da Eastern Mennonite University em Harrisonburg, Virginia, EUA, e co-diretor do Center for Justice and Peacebuilding. Criou e dirigiu a iniciativa que hoje é chamada Centro de Justiça Comunitária, o primeiro programa de reconciliação entre vítimas e infratores dos Estados Unidos. Além de professor e escritor, Howard Zehr é também consultor, conferencista e multiplicador internacional, atendendo a profissionais de direito e instituições no mundo todo. Seu livro "Trocando as Lentes: Justiça Restaurativa para nosso tempo" é considerado uma obra seminal dentro da Justiça Restaurativa. Ele atua dentro do sistema de Justiça criminal dos Estados Unidos, dando suporte ao trabalho com as vítimas e orientando seu trabalho de pesquisa para o estudo das vítimas e a aplicação da Justiça Restaurativa nos casos de violência grave.