O Programa Acelerar – Núcleo Previdenciário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) iniciou nesta quarta-feira (10), em Campos Belos, Região Nordeste do Estado, mais uma edição. Foram marcadas, para os dois dias de atividades, que se encerram nesta quinta-feira (11), cerca de 120 audiências previdenciárias. O objetivo da ação é diminuir o acervo processual e acelerar o trâmite dos autos desta natureza na comarca.

Localizada a 400 quilômetros (km) de Brasília (DF) e a 630 km de Goiânia, a cidade está próxima das divisas com os Estados de Tocantins e Bahia. Além disso, representa um dos polos comerciais da Região Nordeste de Goiás. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são quase 20 mil habitantes. No entanto, estima-se que cerca de 100 mil pessoas das cidades ao redor de Campos Belos, inclusive as do sul de Tocantins, dependam dos serviços da cidade.

Cercada de montanhas por todos os lados a cidade cresceu baseando-se na pecuária. Porém, hoje, o comércio domina o cenário econômico. Campos Belos é a segunda maior cidade da região, ficando atrás somente de Posse, que tem cerca de 35 mil habitantes.

A comarca está sob a responsabilidade do juiz Fernando Ribeiro de Oliveira (foto à direita), titular do Juizado Especial Cível e Criminal da comarca de Trindade – a respondência iniciou-se em janeiro. Segundo ele, é uma satisfação receber o programa uma vez que a realização de 120 audiências providenciarias contribui para a celeridade processual na comarca. “Isso porque como eu respondo por aqui, venho aqui uma vez por mês e fica muito difícil eu marcar tantas audiências nas minhas vindas, já que há processos que demandam prioritário, como na área criminal, os de réus presos e de adolescentes apreendidos”, destacou.

Fernando Oliveira frisou ainda que, atualmente, depois de muito trabalho com a sua equipe e a do fórum local, os processos e audiências estão atualizadas. “Aqui tem uma particularidade muito grande, que é por Campos Belos fazer divisa com Tocantins, a questão da criminalidade e do tráfico de entorpecentes é acentuada”, acrescentou.

População Carente
Ainda segundo dos dados de IBGE, o índice de pobreza de Campos Belos chega a 61,5%, ou seja, mais de 60% da população é considerada pobre. E passar a receber um salário-mínimo por mês pode mudar a vida de muitas pessoas. Como é o caso do catador de recicláveis Agenor Maria das Neves, de 55 anos. Ele descobriu que é portador da doença de Chagas há anos e, por não conseguir trabalhar na lavoura, ele mudou-se para a cidade e foi morar com a irmã. “Eu vim morar com minha irmã porque não dava conta de fazer mais nada na roça”, afirmou.

Com o dinheiro que passará a receber, Agenor diz que poderá se alimentar melhor. “Agora eu vou poder comprar minhas coisas porque minha irmã não dá conte de me dar tudo e o dinheiro que eu ganho catando latinha eu uso para comprar os meus remédios”, contou. Segundo ele, apesar do tratamento de saúde ser feito em Campos Belos, ele gasta com medicamentos. “Eu pego no postinho, mas tem um que eu preciso comprar. E o médico disse  que eu não posso ficar sem porque a Chagas não tem cura”, falou.

A aposentadoria de Maria Geci dos Santos Lima, de 54, também chegou em uma boa. Portadora de gastrite, artrose, fibromialgia e com doença na coluna, a mulher chegou a passar fome por falta de dinheiro para comprar comida. “Eu não dou conta de fazer mais nada. Antes, fazia uns bicos, mas de uns meses para cá, estou custando a sair da cama”, desabafou.

Ao ser questionado sobre o que fazer com o dinheiro, ela diz que, além de comprar comida, quer ir para Goiânia tratar-se com um médico. “Eu era saudável, mas agora não presto para nada. Nunca vi isso na minha vida“, revelou. Ao tocar no assunto, ela se emociona. “Eu acabei de casar, mas meu marido trabalha na roça e o que ele ganha não está dando para nós dois e com a minha aposentadoria vou poder ajudá-lo”, contou. (Texto: Arianne Lopes/Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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