O Tribunal do Júri da comarca de Caldas Novas, presidido pela juíza da 1ª Vara Criminal (crimes dolosos contra a vida, presidência do Tribunal do Júri e execução penal) Vaneska da Silva Baruki, condenou na terça-feira (10) Enivaldo Lopes de Almeida pelo crime de homicídio quadruplamente qualificado, na modalidade tentada, contra Cassandra Moreira Coelho, irmã de sua ex-companheira, que recebeu 17 golpes de facão. Enivaldo Lopes terá que cumprir pena de 18 anos e 28 dias de reclusão, em regime fechado.

Conforme os autos, Enivaldo discutiu com Cassandra oito dias antes do homicídio, por achar que ela “fazia a cabeça” de sua ex-companheira para traí-lo. Irritado, ele amolou o seu facão durante cinco dias seguidos, avisando para terceiros que algo ruim ocorreria com a ex-cunhada. Na data do crime, Enivaldo passou o dia todo bebendo em um bar e, ao retornar à sua casa, avistou Cassandra, momento em que pegou o facão que estava em sua mochila e a surpreendeu com o primeiro golpe na perna e o segundo na cabeça, tendo a vítima caído no chão e desmaiada.

Mesmo em situação de desvantagem, ele deu mais 15 golpes contra ela, atingindo sua cabeça, pescoço, tórax, dedos da mão, cotovelo, punho, costas e seio, apenas cessando as agressões porque achou que ela já estivesse morta, e também porque um vizinho, que ouviu o barulho, foi na direção da vítima para socorrê-la. Para a juíza Vaneska da Silva Baruki, “não se pode olvidar que a conduta do acusado se revestiu de especial gravidade posto que ele teve tempo mais que o suficiente para se preparar e, por outro lado, para refletir de seu intento criminoso, porém, não o fez”.

A magistrada observou que as consequências do crime são gravíssimas, uma vez que, após receber os golpes, a mulher necessitou ser encaminhada para o Hospital de Urgências de Goiânia, onde passou por cirurgias, usou dreno nos pulmões e teve que receber sangue, ficando internada por cerca três meses, “procedimentos que evitaram sua morte, embora tenha tido o corpo esfacelado por seu algoz”.

A juíza assinalou que a vítima permaneceu com diversas cicatrizes em seu corpo, seio, inclusive em locais visíveis como braço e pescoço, situação que, indubitavelmente, abalou sua autoestima como mulher. Também frisou que após o fato, ela mudou de Estado, abandonando sua família e seu emprego estável, onde trabalhava por 10 anos. Em plenário, Cassandra sustentou que não consegue mais trabalhar, possui debilidade nas mãos, não tendo forças sequer para segurar uma simples caneta. Disse que sobrevive pela ajuda de suas duas filhas, que moram em Minas Gerais. Veja decisão (Texto: Lílian de França – Centro de Comunicação Social do TJGO)