Evanildo Bechara se considera um defensor da Língua Portuguesa, por isso palestrou  sobre a importância de um acordo ortográfico unificado entre os países lusofônicos, na tarde desta sexta-feira (23), no plenário da Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Ele falou sobre a importância da reforma do novo acordo, levando em consideração que “o português é a língua com maior potencial entre as irmãs latinas”.

Lembrando que a mudança vivenciada pela Língua Portuguesa é semelhante à que já ocorre com o Espanhol e o Francês, Bechara aproveitou para explicar a diferença entre unidade ortográfica e unidade de língua. A primeira - que apresenta as mudanças - são as regras da escrita, enquanto a última é a maneira com que cada país fala, e , segundo ele, a identidade de cada um deles deve ser preservada.

O espanhol é falado de maneiras diferentes, na Espanha e na Argentina, da mesma forma que o francês da França difere daquele do Canadá, exemplificou o professor. “Esses países, no entanto, se embasam em uma mesma regra ortográfica ao escreverem, e é isso que o Brasil propôs aos demais lusofônicos” afirmou.

Segundo Evanildo Bechara, em sociedades pequenas, a língua não necessita grandes transformações, pois cumpre seu papel mesmo inerte. No entanto, quando assume um papel de destaque, compartilhada por várias comunidades,  precisa se reciclar. O português, por exemplo, está presente em diversos países, dos quais oito aderiram à reforma do acordo ortográfico.

“O filho imita o pai a fazer a barba, a filha imita o salto alto e o batom da mãe. Todos nós começamos pela cópia de alguém, mas, quando atingimos a maturidade, não precisamos imitar ninguém e, com o passar de mais uns anos, passamos a imitar a nós mesmos – isso é maturidade. A Língua Portuguesa chegou a esse nível de excelência e maturidade, por isso precisava se unificar”, afirmou Evanildo Bechara.

Apesar disso, ele reconheceu que tudo que muda causa relutância e isso pôde ser visto em diversos países, pois se trata de mudanças de hábito, que levam um certo tempo para adaptação. “Apesar de não agradar a princípio, essas mudanças são necessárias”, pontuou.

Terras goianas
Com entusiasmo, o escritor retorna a Goiânia pela terceira vez, por considerá-la uma terra hospitaleira, mas, acima de tudo, povoada por pessoas estudiosas e por ótimos poetas. Antes da palestra, o poeta e assessor cultural do TJGO, Gabriel Nascente, saudou Bechara com um texto escrito especialmente para o professor, que, humildemente, acolheu a homenagem. Segundo ele,  uma acolhida tão “fraterna e gostosa” não poderia guardar só para si, por isso, a repartiu com todos os mestres de sala de aula. (Texto: Jovana Colombo / Fotos: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social do TJGO)