A obra da ativista e intelectual negra, Lélia Gonzalez, “Por um Feminismo Afro Latino Americano”, foi referência bibliográfica tema do terceiro encontro virtual do Comitê de Igualdade Racial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), realizado na manhã desta segunda-feira (12), por meio do aplicativo Zoom. A escolha do livro foi uma homenagem ao Dia da Mulher Negra, comemorado no dia 25 de julho.

O grupo, coordenado pela juíza Adriana Maria dos Santos Queiróz de Oliveira, e sob a mediação dos servidores e integrantes do Comitê, Cecília Araújo de Oliveira e Cláudio Henrique Pedrosa, debateu sobre democracia racial, e as características multirraciais e pluriculturais da América Latina, em contraposição às convicções de centralidade e superioridade da visão eurocêntrica.

“A luta antirracista precisa ganhar corpo nas instituições para que possamos efetivamente debater a necessidade de políticas afirmativas, e contribuir com propostas de melhoria”, destacou a coordenadora do Comitê de Igualdade Racial do Poder Judiciário Estadual, juíza Adriana Maria dos Santos Queiróz de Oliveira.

A servidora Cecília Araújo contextualizou que, com base na produção textual de Lélia Gonzalez é notório que a “miscigenação de raças no Brasil se deu não em função da ausência de preconceitos, mas sim por meio de abuso e violação de homens brancos aos direitos da mulher negra”, explicou.

“Atualmente, convivemos com formas diferentes do racismo aberto, praticado nos regimes de segregação racial, a exemplo do apartheid. O racismo velado, ou disfarçado, estabelece uma convicção de superioridade, criando hierarquias limitantes em função de raças”, esclareceu o analista judiciário Cláudio Pedrosa.

O próximo encontro do grupo acontecerá no dia 9 de agosto, às 9h30, com o debate da segunda parte do livro de Lélia Gonzalez, Intervenções, que foi organizado por Flavia Rios e Márcia Lima, no ano de 2020.

Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1935. Intelectual, autora, política, professora, filósofa e antropóloga brasileira, foi pioneira nas discussões sobre relação entre gênero e raça, ao propor uma visão afro-latino-americana do feminismo. Em 1942, Lélia de Almeida Gonzalez se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como empregada doméstica e babá. Dedicada aos estudos, Lélia se graduou em História e Filosofia, pela então Universidade do Estado do Guanabara, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi professora do ensino médio, lecionando em escolas públicas e privadas. Co-fundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), Lélia Gonzalez concluiu mestrado em comunicação social e doutorado em antropologia, e atuou como professora e pesquisadora na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), entre 1978 e 1994, ano de seu falecimento. (Texto: Carolina Dayrell / Foto: Cecília Araújo - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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