Nos últimos dois dias, quase 500 cestas básicas foram distribuídas na comarca de Goiás aos integrantes do Projeto Cativar, que tem o objetivo de atender as necessidades urgentes da população mais vulnerável da cidade, incluindo quilombolas, indígenas, partes em processos judiciais ativos e aqueles com inscrição atualizada no Cadastro Único, bem como beneficiários de auxílios governamentais como Bolsa Família e Auxílio Brasil, entre outros. As cestas foram doadas pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, para complementar as 87 cestas doadas durante o Justiça Itinerante, realizado entre os dias 16 e 17 de abril na comarca.

"Nosso trabalho é entregar, de maneira rápida e eficiente, a prestação jurisdicional. Somos duas vezes premiados com o Diamante, o que comprova que fazemos isso muito bem. Mas, não é só esse o nosso papel. Temos de trabalhar também pela justiça social. É nossa responsabilidade ter um olhar diferenciado para aqueles que necessitam de nós, como é o caso dessas comunidades", afirmou o presidente Carlos França, que recentemente anunciou um projeto para ajudar a população Kalunga, que deve ser lançado oficialmente em breve. França ainda agradeceu o trabalho de todos os envolvidos na ação, em nome da juíza Érika Barbosa Cavalcante, que coordena a ação na comarca.

No total, foram doadas 539 cestas, incluindo as distribuídas no Justiça Itinerante. Ontem, foram entregues 127 cestas e hoje, mais 325. Além do público geral (325), foram beneficiados povos originários (36), quilombolas (70) e partes em processo (21) que correm na comarca. Para o próximo mês, o Projeto Cativar já conta com 48 cestas, que serão destinadas ao acompanhamento das famílias cadastradas no projeto.

"Esse foi um fechamento importante do Justiça Itinerante", afirmou a juíza Érika Cavalcante. "A doação das cestas pelo presidente, em nome do TJGO, foi um reforço importante para o Cativar, que conta com doações da comunidade em geral, de servidores e de magistrados para se manter. Isso demonstra a sensibilidade do presidente França com quem mais precisa do suporte dos poderes públicos", ressaltou ela, que pediu a colaboração de todos com as doações, já que houve aumento das famílias cadastradas.

Alívio
A estudante universitária de origem indígena, Karoline Vitória Aguiar de Sousa, disse se sentir aliviada após receber a cesta básica. "Para mim foi muito significativo porque é muito difícil. Não só os indígenas, mas também os estudantes quilombolas saem de um contexto social complicado. A gente vem para estudar e conta com restaurante universitário. E não tem restaurante. Então, ter a possibilidade de receber essa cesta foi bastante aliviador", afirmou Karoline, segundo quem os indígenas e a comunidade em geral "agradecem grandiosamente essa movimentação porque beneficiou outras pessoas também que têm o Cadastro Único. Ajudou toda uma comunidade".

Impacto
O projeto foi criado em 2021 pela então diretora do Foro da comarca de Goiás, juíza Francielly Faria Morais, após uma reflexão sobre o impacto do Poder Judiciário nas partes de processos criminais e cíveis. "Há partes vulneráveis, como vítimas de estupros sistemáticos, em que os acusados são familiares, como pais, padrastos, avós e tios. Em muitas situações o acusado, que era o provedor da casa, foi preso. Seria comum pensar que o Poder Judiciário fez a sua parte, que a ação social é problema do Poder Executivo. Mas esse pensamento não resolve a questão. E a vítima pode estar precisando de auxílio, de um tratamento psicológico, de uma cesta básica, de um tratamento médico", pontuou a magistrada na ocasião.

Doações
O projeto é desenvolvido com a colaboração de magistrados, servidores e a comunidade em geral. Além de vítimas de abuso sexual, portadores de doenças raras ou graves e pessoas que vivem na linha da pobreza e que não se enquadram nos requisitos para conseguir um benefício social, também são contempladas com o projeto. (Texto: Aline Leonardo - Centro de Comunicação Social do TJGO)

 

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