A capacitação de líderes religiosos para mediação feita pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) foi destaque no Jornal Nacional do sábado (13). Mediar é Divino é um projeto inédito no País e faz com que igrejas de Goiânia colaborem por meio da mediação e conciliação na solução de conflitos da comunidade. Veja a reportagem na página da Rede Globo.

Na matéria, que durou mais de dois minutos, foram entrevistados os juízes Paulo César Alves das Neves, coordenador do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, e Romério do Carmo Cordeiro, coordenador-adjunto. A iniciativa busca dar efetividade ao disposto nas Resoluções nº. 125/2010, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e nº. 18/2011, da Corte Especial do Tribunal de Justiça, no sentido de desenvolver a Política Judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesses, planejar, implementar, manter e aperfeiçoar as ações voltadas ao cumprimento da política das metas.

Os religiosos passaram por um curso de 40 horas teóricas e 60 horas práticas de estágio supervisionado. O Jornal Nacional mostrou o projeto que é um meio alternativo na busca de solução de conflitos, além de fomentar a participação efetiva da comunidade no auxílio das dificuldades.

Cultura da paz
Segundo o juiz Paulo César das Neves, a ideia do projeto nada mais é do que difundir a cultura do diálogo e do fortalecimento dos métodos alternativos de solução de conflitos, em especial a mediação, no âmbito das entidades religiosas, como instrumento de pacificação social. “Acreditamos no Mediar é Divino como mais uma forma de aproximação do Poder Judiciário da comunidade e também levar uma alternativa de solução de conflitos que não seja a sentença”, salientou.

Com esse mesmo entendimento, Romério Cordeiro frisou que a intenção do projeto é promover a cultura da paz e conscientizar a comunidade para a importância do diálogo. De acordo ele, “é preciso mudar o enfoque do litígio para o diálogo. Hoje em dia as pessoas conversam muito pouco e não resolvem seus problemas por meio do diálogo, fazendo com que haja uma litigância muito forte. Por isso, procuramos verificar quais as portas que as pessoas procuram para resolver seus problemas (escolas, delegacias e igrejas)”, explicou.

O magistrado fez questão de ressaltar que o projeto é um meio alternativo e não é a única opção. “É mais uma porta que se abre, mais uma possibilidade. Não estamos criando nada. Na verdade, estamos levando o Poder Judiciário para um lugar onde já existe esse trabalho informal de conciliação, dando ferramentas e técnicas para essas pessoas que já buscam essas mediações e conciliações no seu dia-a-dia. Aquele trabalho que ela faz de uma forma mais simples, ela passa a fazer de uma forma mais técnica”, destacou.

Ainde de acordo com ele, a cultura da conciliação é, inclusive, uma das soluções para a Justiça. “São 105 milhões de processos no Brasil para cerca de 200 milhões de habitantes. Só em Goiás, em 2015, ingressaram em torno de 800 mil ações. Os dados representam a falta de diálogo e a importância de métodos alternativos”, exemplificou.

Sem resistência
Paulo César antecipou que uma nova turma do curso de mediadores e conciliadores de líderes religiosos já está sendo formada. Segundo Marielza Nobre Caetano da Costa, instrutora do curso, a primeira edição reuniu 14 líderes religiosos das igrejas católicas, evangélicas e espíritas. “Eu esperava uma maior resistência dos cursando em razão de algumas divergências religiosas. Porém, me deparei com pessoas falando uma só língua, uma só mensagem”, frisou.

De acordo com ela, todos os participantes entenderam que a mediação é cabível dentro de suas igrejas, sem que seus conceitos, dogmas e respeitos sejam violados. “Tivemos audiências de mediação em que o mediador é pastor evangélico e o co-mediador espírita e eles realizam o ato com uma união e comunicação única. Usaram seus conhecimentos religiosos e os ensinamentos judiciais para um ponto comum, a pacificação social. (Texto: Arianne Lopes / Foto: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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