O Acelerar Previdenciário atendeu cerca de 2 mil pessoas somente essa semana, entre a segunda-feira (6) e sexta-feira (10). Realizado nas comarcas de Nova Crixás, Mozarlândia, Aruanã e Acreúna, o programa tem como objetivo acelerar o julgamento de ações previdenciárias nas comarcas por onde passa e, primeira vez, a equipe foi dividida e o esforço concentrado foi realizado simultaneamente.

A comarca de Aruanã foi a última contemplada, recebendo a equipe do Acelerar nesta sexta-feira (10). Durante todo o dia, estavam em julgamento 88 processos previdenciários, dos quais 30 relacionados de aposentadoria rural, 5 sobre a Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), 22 de pensão por morte, 27 de invalidez, 3 de aposentadoria urbana por idade e um de auxílio-doença.

O município de Aruanã, um dos maiores polos turísticos do Brasil, fica localizado a 314 quilômetros da capital e conta com mais de 8 mil habitantes. Sede da comarca, Aruanã atrai pessoas de todo o Estado, que querem conhecer os rios e as praias. O município de Britânia faz parte da jurisdição.

Atualmente, tramitam no local cerca de 4 mil processos, dos quais cerca de 10% são ações previdenciárias. “Esse tipo de iniciativa traz uma prestação jurisdicional mais rápida e atende a população de forma efetiva”, explicou o magistrado Nickerson Pires Ferreira, que participou da ação e é magistrado na região desde 2004.

O Acelerar Previdenciário contou também com a participação dos juízes Reinaldo de Oliveira Dutra, Fernando Ribeiro de Oliveira, Joviano Carneiro Neto, Marli de Fátima Naves, Vivian Martins Melo Dutra e Rodrigo de Melo Brustolin.

Equipe
Além das audiências, no Acelerar Previdenciário a equipe de servidores que acompanha o programa cumpre os despachos e sentenças proferidas durante as audiências realizadas no mutirão. Sendo assim, expede os ofícios requisitórios para o pagamento dos médicos peritos e os assistentes sociais, deixam também os processos que possuem sentenças procedentes prontos para serem encaminhados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para intimação.

Histórias
Muito mais que efetuar uma audiência, a equipe do Acelerar convive com histórias de vida, como a de Jair Constantino de Araújo, de 63 anos. Ele passará a receber um salário mínimo referente a aposentadoria rural por idade. “Agora estou realizado e vou poder descansar um pouco”, disse. Depois de ter tido 13 mulheres, ele garante que o mais difícil foi o trabalho na roça. “Morei com 13 mulheres durante toda a minha vida, mas o trabalho na roça foi o mais pesado”, brincou.

Com 6 filhos, um de cada mulher, ele garante que é operado e que agora, não vai se casar. “Quero é cuidar de mim. Tentei várias vezes e não deu certo”, disse. Hoje Jair mora com o filho de 22 anos, o mais novo. Ele afirmou que ainda trabalha em fazenda para garantir o sustento. “Faço cerca, roço pasto e o que for preciso”, contou, ao dizer que a diária é R$ 50.

Para seu Abadio Alves Teixeira (foto), de 82 anos, entretanto, casamento é só uma vez. “Eu prometi para minha finada que não ia casar nunca mais”. Ele foi ao fórum em busca do penão por morte da mulher, que morreu há 23 anos. “Ela é meu tudo. Hoje vivo só com Deus, mas quero encontrá-la”, falou com dificuldades por causa da idade. Com um terço na mão, seu Abadio foi ao fórum confiante. “Temo a Deus e ele não me abandona. Esse dinheiro vai ajudar a reformar a minha casa”, pontuou.

Também foi atendida pelo Núcleo Previdenciário, Jonita da Fonseca Oliveira, de 82 anos. Mãe de 9 filhos, ela conseguiu o benefício da pensão por morte, 23 anos depois de perder o marido. “Ele morreu porque era muito doente, logo depois morreu um filho afogado e, no outro ano, duas filhas foram assassinadas pelos maridos”, desabafou. Com o dinheiro da pensão, Jonita disse que ajudará na compra dos medicamentos. Ele disse que há um mês descobriu que o colesterol e a pressão estão altos. “Passei muito mal e fui ao médico e ele me falou que estou com esses problemas. Passou os remédios, mas ainda não comprei porque não tenho dinheiro”, disse.

Aos 61 anos, o pescador Edmar Souza Cruz conseguiu aposentar. Morando há 19 anos em Aruanã, ele disse que veio para a cidade em busca de uma vida melhor. “A única coisa que sei fazer é pescar. Vim por causa do rio e não saio mais daqui”, afirmou. Ele garantiu que, com o dinheiro, vai cuidar da saúde. “Estou com uma dor muito forte no meu joelho e terei que fazer o tratamento em Goiânia”, contou. Ele disse que sabia que a aposentadoria sairia. “Acredito em Deus e na Justiça. Se tenho o direito, porque não receber e aproveitar?”.

Ataíde Ramos, de 58 anos, também foi aposentado. Após trabalhar durante toda a vida como lavrador, ele agora, passará a contar com a aposentadoria. “Nuca ganhei nada na minha vida e só eu sei o quanto esse dinheiro vai me ajudar”, contou, ao dizer que sua mulher, que estava trabalhando para ajudar nas despesas, está doente também. Ele mora somente com a mulher, já que os dois filhos foram morar em outra cidade e nunca os visitaram.

“Os meninos foram para Goiânia, mas não voltaram. Passamos dificuldades porque o dinheiro era só da mulher, mas de alguns meses para cá, ela ficou doente e não dá dando conta de trabalhar”, pontuou. Ele contou ainda que, há dois anos estava trabalhando em uma fazenda quando um pedaço de madeira caiu sobre o seu olho esquerdo. “Depois disso fiquei cego e meu olho doí muito”, relatou, ao mostrar o olho machucado. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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