O supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Estado de Goiás (GMF/GO), desembargador Anderson Máximo de Holanda, e a coordenadora do GMF/GO, juíza Telma Aparecida Alves, participaram, nesta quinta-feira (11), da solenidade de entrega do espaço Módulo de Respeito 2 na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (POG), unidade que fica dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. O novo ambiente destinado aos custodiados da unidade, vai oferecer 140 vagas de trabalho. A cerimônia contou com a presença do secretário de Estado de Segurança Pública, coronel Renato Brum; do procurador-geral de Justiça do MPGO, Aylton Vechi, bem como de representantes da Defensoria Pública, OAB, Polícias Militar e Penal, entre outras autoridades e membros da sociedade civil organizada.

Na solenidade, o desembargador Anderson Máximo de Holanda (foto abaixo), destacou que o novo espaço é uma junção de esforços, já que a obra contou com a parceria dos Poderes do Estado, tendo por objetivo tornar em realidade a nova estrutura. O magistrado informou ainda, que, assim como ele, a juíza Telma vem conduzindo a gestão junto ao GMF por meio do diálogo. “Esse é um novo paradigma que Goiás está exportando para o Brasil. Quando o presidente do TJGO, desembargador Carlos França, me convidou para participar da coordenação do GMF, em parceria com a juíza Telma, me vi em um desafio que com o passar do tempo vem sendo construído por meio do diálogo”, afirmou.

Segundo ele, esse é um momento de não só enaltecer as divergências, "mas para que possamos trabalhar em prol das convergências. “As divergências institucionais existem, mas se nós não enaltecermos as coisas, elas não saem do lugar. Hoje, esse espaço é fruto de convergência de ideais, vontade, esperança, já que conseguimos fazer as coisas acontecerem. A partir de agora, esse sonho se torna realidade. Que venham outros projetos de sucesso”, ressaltou Anderson Máximo, supervisor do (GMF/GO).

Para a coordenadora do GMF/GO, juíza Telma Aparecida Alves, que atua há 10 anos com o Sistema de Execução Penal, a evolução, embora tenha sido morosa, foi positiva, haja vista que as melhorias foram alcançadas pelo sistema. “Nesta solenidade estamos vendo que a parceria pública e privada nos permitiu termos uma outra mentalidade, e, o melhor, sem vingança social. Toda a pessoa é digna quando tem um emprego, e esse trabalho de hoje já é um ganho para todos, principalmente aos custodiados”, pontuou. Na ocasião, a magistrada afirmou que há meses atrás, a ideia de reforma e melhoria era uma realidade bem distante. “A partir de agora, já estamos vendo o trabalho se tornando realidade. Para mim, é um grande orgulho fazer parte desse marco, o qual foi construído por meio de parcerias”, enfatizou.

Opção de reintegração

Ainda conforme a magistrada (foto acima), a segurança pública tem que dar continuidade para aqueles que estão presos terem a opção de voltar para a sociedade, além de conseguirem um trabalho honesto para poderem sustentar suas famílias com dignidade. “A Segurança Pública não encerra aqui sua função, já que é preciso dar continuidade para resgatar aqueles que ainda estavam no mal caminho, oferecendo opção para poder sustentar suas famílias. Essa é uma semente que precisamos ampliar dentro do complexo e levar para todo o Estado de Goiás”, afirmou a juíza Telma.

Em seu discurso, o procurador-Geral de Justiça de Goiás, Ailton Veki (foto abaixo), disse que a nova estrutura consiste em resgatar o trabalho e a dignidade daqueles que vão utilizar o espaço. “Esse esforço visa resgatar a dignidade e dar esperança aos presos, fazendo com que cada um que opera a máquina, possa alcançar a felicidade, despertando a responsabilidade social. Temos que trabalhar a sinergia entre as instituições, poderes e sociedade civil organizada”, frisou.

Ainda na solenidade de entrega do espaço, o secretário de Estado de Segurança Pública, coronel Renato Brum (foto abaixo), representando o governador Ronaldo Caiado, disse que ficou surpreso com o novo espaço destinado à ressocialização dos presos. “Eu fiquei surpreso com essa transformação. Parabéns por essa transformação, bem como as autoridades que estão acreditando neste projeto. Esse novo espaço quebra paradigmas, pois todos merecem novas oportunidades”, finalizou.

O diretor-geral de Administração Penitenciário, policial penal Josimar Pires Nascimento (foto abaixo) comentou que a nova estrutura vai desafogar as outras carceragens, bem como oferecer novas oportunidades de trabalho. “O trabalho faz parte do processo de ressocialização. A Penitenciária Odenir Guimarães é uma das poucas que possui colégio estadual. O trabalho e o estudo fazem parte do ciclo que vai complementar a ressocialização”, pontuou.

Na cerimônia, uma das representantes da Sallo, empresa de confecção que atua dentro da CPP, quebrou o protocolo, momento em que convidou dois ex-detentos para prestarem homenagem às autoridades. Eles, na ocasião, relataram o motivo de terem sido presos, bem como os benefícios com que o trabalho realizado junto àquela empresa, proporcionou para os dois.

Para eles, com a prestação de serviço dentro da unidade, ocorreu a remição de pena, uma espécie de direito que o condenado tem para diminuir o tempo imposto em sentença penal. Destacaram que a ressocialização ocorre, desde que o custodiado tenha maturidade para recomeçar a vida longe do mundo do crime.

 

Mais 140 vagas

Com o novo espaço, mais 140 vagas de trabalho serão disponibilizadas para os custodiados da unidade. Desta forma, o chamado de Módulo de Respeito 2 da POG vai alcançar 350 reeducandos trabalhando na Seção Industrial e manutenção do presídio. O Módulo de Respeito 2 foi construído por meio de parceria da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) com o Grupo Sallo, Ministério Público e o Conselho de Segurança de Goiânia (Conseg). A mão de obra utilizada foi a de 20 custodiados da própria POG. A Sallo, empresa de confecção com polo industrial dentro do Complexo Prisional, doou os recursos, estimados em R$ 125 mil.

O promotor de Justiça Fernando Krebs (foto acima), que responde atualmente pela 25ª Promotoria de Justiça de Goiânia, com atribuição difusa na execução penal, comemorou que "o novo espaço não contou com nenhum centavo de dinheiro público”, afirmou ele na solenidade. Para o promotor, a obra, embora seja simples, devolve dignidade ao detento e ao custo de menos de R$ 900 por vaga.

Seleção

Para integrar o Módulo de Respeito 2 e trabalhar para a Sallo, com direito a salário e remição de pena, o reeducando passará por um processo de seleção interna. Os escolhidos ficarão em um alojamento específico para os trabalhadores, distante dos demais presos. O dormitório será coletivo, com beliches divididos nos quartos, com direito a televisão e ventilador, sem grades. O banheiro também será coletivo, mas com água quente.

“A seleção dos custodiados é realizada pela segurança da POG e da direção da unidade, com apoio do serviço social. A triagem, inclusive, já está pronta. Conforme a demanda da Sallo, os presos serão encaminhados para a indústria”, explica o diretor da POG, Erivaldo da Silva Alves. Veja galeria (Texto/fotos: Acaray Martins - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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