A primeira oficina educativa “Consumidor Consciente”, projeto desenvolvido pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), em parceria com a equipe Interdisciplinar Forense da Corregedoria-Geral de Justiça de Goiás (CGJGO), foi realizada nesta segunda-feira (27). A ação busca divulgar e orientar sobre o consumo consciente e tratar situações de superendividamento. Foram palestrantes nesta oficina, o especialista no mercado financeiro, Waldir Morgado e o advogado Levy Rafael Alves Cornelio.

O projeto prioriza a orientação aos consumidores idosos e hipervulneráveis que já possuem dívidas e não sabem como quitá-las. Serão feitas diversas oficinas ao longo do ano, de forma educativa, com o objetivo de ensinar aos consumidores questões financeiras práticas e que os ajudarão a quitar dívidas existentes, como também evitar novas dívidas.
 
O coordenador do Nupemec, juiz Leonys Lopes Campos da Silva, fez a abertura da oficina e falou sobre a importância do projeto ir até as comunidades de idosos. “Pensa você não saber como vai comprar o seu arroz, seu feijão, sua carne, por estar numa situação de dívidas. Muitos desses idosos cuidam da própria família. É preciso que haja uma conscientização para que o consumidor possa voltar a comprar, mas que venha comprar com consciência.” explicou.


 
Planejamento doméstico e disciplina

O superintendente do Procon -Goiás, o advogado Levy Rafael Alves Cornélio, explicou sobre a importância de planejamento doméstico e disciplina para controle do orçamento, de forma que os gastos não comprometam a vida das pessoas. O superintendente explicou que o planejamento deve ser feito sempre  colocando na ponta do lápis todo o consumo mensal, identificando o que é essencial e o que é dispensável nas despesas mensais.
 
O psicólogo Bruno Jorge de Sousa, servidor do TJGO e doutor em psicologia, especialista em gastos com emoções, doutorado em psicologia de autocontrole e impulsividade, falou sobre as consequências psicológicas que os gastos excessivos têm sobre a vida pessoal de cada um. “A pessoa com problemas financeiros pode apresentar, ansiedade, angústia, tristeza, desesperança, depressão e pensamentos inadequados." afirmou.
 
Ele também explicou a importância de identificar a raiz dos gastos excessivos “Ter consciência do problema que está causando a compra em excesso é algo pedagógico e educativo, quanto mais a gente conhecer o assunto, mais fácil a gente tenta essa mudança. A preocupação aqui é existir a negociação da dívida, mas que sem mudança de comportamento não adianta.” sustenta Bruno Jorge, ao explicar que sem essa mudança as dívidas vão continuar sendo repetidas.”
 
Já o especialista do mercado financeiro, Waldir Morgado, deixou claro que é essencial enxergar o longo prazo. “É importante que a gente tenha em mente que é uma situação transitória e que tem uma saída. Dessa forma, a situação de superendividamento tem que ser vista como uma vírgula e não um ponto final”,afirmou.
 
Waldir Morgado explicou como funciona a questão de juros nas dívidas, a importância de reserva financeira para emergências e de fazer um planejamento financeiro familiar, identificando as despesas familiares e se o orçamento se adequa a tais despesas. Identificar e negociar dívidas pré-existentes e evitar novas. Minimizar gastos e aumentar ganhos é essencial para sair do endividamento.
 
Além dos palestrantes, o workshop também foi composto por equipe multidisciplinar com a presença da assistente social Maria Nilva Fernandes, que está à frente da Divisão Interprofissional Forense do TJGO, representantes da Defensoria Pública, Procon, assistentes sociais, pedagogos e contadores de forma a dar suporte aos participantes da oficina.
 
A professora da Faculdade Unida de Campinas(FacUnicamps), Edar Jessie Dias Mendes da Silva, que é assistente social e veio representando aquela instituição, informou que está com um perfil de idosos que vieram de associações que moram em comunidades em que a realidade deles é de escassez social, ou seja, falta alimento, água, energia e, às vezes, o que ele recebe não dá conta de suprir esses gastos fixos. “Não são gastos extras. E o salário não acompanha.” disse ela.
 
Ao final da palestra, foi aberto o espaço para que os participantes pudessem fazer perguntas relacionadas ao que foi dialogado no evento. A professora Edar Jessie aproveitou a ocasião para propor encontros nos lares e associações de idosos, assim atendendo às demandas de pessoas que não possam comparecer ao TJGO.
 
 
A ação atende ao proposto pela Recomendação n.°125/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre os mecanismos de prevenção e tratamento do sobreendividamento e a instituição de Núcleos de Conciliação e Mediação de conflitos oriundos de superendividamento, previstos na Lei nº 14.181/2021.
 
Palestrantes

Com mais de vinte anos de experiência no mercado financeiro, Waldir Morgado é engenheiro civil, pós-graduado em marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e mestre em gerenciamento de projetos pela George Washington University (EUA). Já Levy Rafael Alves Cornelio é advogado, empresário, pós-graduado em Direito Administrativo e possui MBA em Gestão Empresarial. (Texto: Luísa Chacon, estagiária de Jornalismo/ Foto: Girlaydy Costa - Centro de Comunicação Social do TJGO)



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