Com cerca de 35 mil habitantes, a cidade de Posse é considerada a maior da região Nordeste. Deste total, estima-se que cerca de 30% mora na zona rural. Associada a essa realidade, a doença de Chagas é comum no local. Estima-se que ela atinja 3 milhões de brasileiros e mais de 2 mil na região. O levantamento foi elaborado a partir dos dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) do Ministério da Saúde.

Os dados informaram também que somente em Posse foram registrados 560 casos da doença e em São Domingos 97. A Chagas é causada por um protozoário parasita, transmitido pelas fezes de um inseto conhecido como barbeiro. Febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos, aumento do fígado e do baço são os principais sintomas do problema, que pode levar a morte.

O programa Acelerar – Núcleo Previdenciário esteve durante uma semana na região Nordeste de Goiás e passou pelas comarcas de Flores de Goiás, Posse e São Domingos e por lá encontrou várias pessoas que convivem com a doença. Há povoados do Nordeste goiano que estão infestados por barbeiros, vetores da doença. Filázio Cardoso dos Santos, de 56 anos, descobriu há 4 anos que está com o problema. “Não foi surpresa para mim não, minha família toda tem”, disse.

E foi devido a isso que ele conseguiu se aposentar por invalidez, durante o Acelerar Previdenciário. A aposentadoria chegou em uma boa hora porque, segundo ele, não consegue mais trabalhar. “Eu trabalhei a vida toda na roça, mas agora não dou conta mais. Essa doença acaba com a gente. Minha mãe e dois tios meus morreram por cauda dela”, desabafou.

E por não conseguir mais trabalhar, Filázio agora vai contar com o benefício previdenciário. Ele passará a receber um salário mínimo. “Com esse dinheiro vou cuidar da minha saúde. Não tenho condições de fazer exames e comprar remédios”, salientou. Agora, a sua preocupação é com quatro filhos. “Ainda não sei eles tem a Chagas, ainda não foram ao médico. Mas me falaram que a chance deles terem é muito grande”, revelou.

O cansaço que Juvercino Soares Guedes, de 48 anos, sentiu o levou a descobrir que tinha a doença. “Não estava conseguindo fazer nada. Tudo me cansava e ficava com falta de ar. Fui ao médico e me disseram que não era nada. O cansaço só aumentou e resolvi ir para Goiânia tratar. Foi quando o médico o exame deu positivo e o médico me disse que se eu não cuidasse iria morrer”, relatou.

Sem plano de saúde, a aposentadoria rural por invalidez servirá para o tratamento. “Vou juntar dinheiro para as consultas. Não quero que minha vida termine igual a de minha mãe e meu pai”, afirmou. “Eles morreram dessa doença também”, completou. No mesmo dia em que ele conseguiu o benefício previdenciário, foi realizada a perícia médica. “Desde que descobri que tinha isso minha vida mudou. Agora, vou poder ficar um pouco mais tranquilo porque do jeito que estava não dava”, destacou.

O exame positivo para chagas não mudou praticamente nada na vida de Adilson Alves de Oliveira. Ele falou que não pode deixar de trabalhar por conta da doença. “Tem dia que não dou conta, mas como que faço?”, indagou. Adilson também passará a receber um benefício da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). “Descobri a doença há 3 anos. Senti o coração bater forte. Agora vou poder tratar”, finalizou.

(Texto: Arianne Lopes Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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