“O antirracismo não deve ser uma luta das pessoas negras, mas de todos nós”. A frase foi destacada pela jornalista Ana Cristina Rosa, assessora de comunicação do Conselho da Justiça Federal (CJF), durante a palestra Comunicação como Ferramenta de Igualdade: Representatividade e Letramento Racial no Judiciário, realizada nesta sexta-feira (29).

O evento ocorreu de forma híbrida, com participação presencial no auditório do Palácio da Justiça e transmissão online. O juiz Hugo de Souza Silva, coordenador adjunto da Coordenadoria de Igualdade Racial do TJGO e gestor do Pacto Nacional do Judiciário pela Equidade Racial no TJGO, foi o mediador do webinário. A iniciativa, promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) em parceria com a Escola Judicial (Ejug), integra a programação do Mês da Consciência Negra. O evento contou com a presença da desembargadora Sirlei Martins (foto abaixo), da juíza auxiliar da Presidência, Lidia de Assis e Souza, e da secretária-geral da Presidência, Dahyenne Mara Martins.

“Racismo não é mimimi”

Ao abrir o webinário, Ana Cristina Rosa afirmou que o racismo não é “mimimi” e tampouco coisa do passado. Segundo ela, o racismo é “um sistema estruturante de dominação, baseado num conceito absurdo de superioridade racial, que mantém pretos e pardos em desvantagem social, econômica e cultural até hoje”. A jornalista destacou ainda que negros continuam sendo minoria nos espaços de poder e decisão.

“A sociedade se acostumou a naturalizar atitudes racistas, e essa realidade precisa ser transformada. Acostumamos a conviver com manchetes que retratam preconceitos em diversos níveis, seja na escola, em lojas ou no trânsito. Dados da Rede de Observatórios de Segurança apontam que quase 90% dos mortos por policiais em 2023 eram negros, e mais de 80% das vítimas de trabalho análogo à escravidão também são negros”, pontuou.

Ana Cristina reforçou o papel estratégico dos jornalistas nesse processo de mudança. “Como formadores de opinião, podemos contribuir para essa transformação. A comunicação é uma área fundamental, e os profissionais que atuam nela, negros ou não, precisam ter um olhar atento para essa realidade”, destacou.

A luta antirracista é de todos

A jornalista ressaltou os avanços na luta antirracista, como a implementação da lei de cotas em concursos públicos. “Precisamos ter clareza de que o sujeito negro não é menor, menos capaz ou menos inteligente. Ele apenas teve menos oportunidades e acesso”, afirmou, concluindo que “a luta antirracista não deve ser de pessoas negras, mas de todos nós”.

Na oportunidade, o juiz Hugo de Souza Silva agradeceu a presença de Ana Cristina Rosa, reconhecida por sua atuação em temas de inclusão, gênero e raça. “Percebemos que a maioria do público presente no auditório é formada por pessoas brancas, mas é gratificante ver o público não negro aprendendo lições tão importantes transmitidas pela jornalista. As palavras dela certamente irão reverberar em uma nova forma de pensar sobre o racismo”, enfatizou.

Ao final do evento, os participantes interagiram com os convidados e participaram do sorteio de três exemplares do livro Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro.

 

Sobre a palestrante

Ana Cristina Rosa integra o Conselho Consultivo do Instituto Palavra Aberta, já participou da bancada de jornalistas do programa Roda Viva (TV Cultura) e recebeu menção honrosa no Prêmio Innovare, em 2019, pelo projeto TSE Contra Fake News. Em 2024, foi premiada com o Top Mega Brasil como melhor Executiva de Comunicação Corporativa da Região Centro-Oeste. (Texto: Karinthia Vanderlei - Fotos: Acaray Martins - Centro de Comunicação Social do TJGO)

Quer saber mais sobre seu processo. Fale comigo!
Atendimento Virtual
Programa de Linguagem Simples do TJGO
Avalie nosso serviço